27/07/2010

Á conversa com Maria José Figueiredo...a Poeta Serrana

No seguimento daquilo que é a "nova" linha editorial deste blogue que pretende entrevistar algumas personalidades Senenses e não só, das áreas culturais, desportivas e sociais que se têm destacado ao longo dos anos com os seus trabalhos, hoje é a vez de entrevistar Maria José Figueiredo, a Poeta Serrana. Poucas são as pessoas no Concelho de Seia que se dedicam à poesia. É com muita honra que publico aqui hoje esta entrevista a esta grande senhora da poesia serrana. Dados biográficos
Nome: Maria José Figueiredo
Data de nascimento: 25/09/1973
Reside em São Romão
Fequentou a Escola Primária de São Romão, Escola Preparatória de Seia, Escola Secundária de Seia. Os primeiros dois anos de escolaridade foram feitos na Alemanha onde estive durante 7 anos.
LS - A partir de que momento decidiu ser poetisa e o que representa para si?
MJ – Não foi algo que tivesse decidido! Apenas, um dia, com os meus treze anos, o meu irmão mais velho ofereceu-me um livro de Florbela Espanca, que li e que me encantou de imediato. A partir daí, escrever era algo que me realizava, me fazia feliz, me completava…. Não voltei a deixar de fazê-lo desde então! Poetisa? Nunca pensei seriamente nisso… Para mim, havia os poemas e eu, numa sintonia perfeita com a alma! Daí o meu brincar quando digo que sou poeta… porque se os poemas vêm da alma, a alma humana não tem sexo!
Agora, escrever os meus poemas, sempre que posso e a vontade me invade significa para mim um mundo inteiro de emoções que só mesmo quem sente este prazer pela escrita o pode compreender!
A poesia representa para mim um longo caminho de histórias, glórias e memórias… Um caminho que percorri só mas de alma cheia!


LS - Já editou alguns livros. Diga-nos quais e em que anos?
MJJá Editei dois livros, ambos de poesia.
Editei o meu 1º Livro, “Pelos Rumos da ilusão” em Dezembro de 2007 e Editei o meu 2º Livro “Aguarela de Poemas” em Maio de 2009.

LS - Tem trabalhado com uma editora ou mais que uma?
MJ
A Editora com quem tenho trabalhado é do Porto, a “Editorial 100”. O Diego, um grande amigo, tem sido um apoio e um crente do meu trabalho apoiando-me sempre. Com esse apoio e confiança consegui realizar o meu mais nobre sonho. Mostrar ao mundo, o quanto a poesia pode ser bela quando libertada nas páginas de um livro! A ele, aos meus amigos e à minha família devo grande parte desta vitória!

LS - Além do lançamento dos livros quais os momentos mais altos que já viveu enquanto poetisa?
MJ Por incrível que pareça, os momentos altos da minha poesia, são todos aqueles em que termino de escrever um poema! Podem não acreditar mas sou capaz de lê-lo umas 5 vezes seguidas… Não sei, talvez por os escrever tão rapidamente, pois nunca me demoro mais que 2 ou 3 minutos, tenha depois a necessidade de me entranhar neles, devorá-los retirar-lhes o que lá pus de mim. E depois encantar-me com a minha própria alma… descobre-se tanto acerca de nós próprios quando escrevemos rápido, sem pensar… Depois, ao analisar o conteúdo temos, por vezes, agradáveis ou inesperadas surpresas! Mas momentos, momentos… O lançamento do meu 1º livro foi a “prima-dona”. Será para sempre um dos ex-líbris da minha vivência como poeta, como ser humano, como amiga, como filha, irmã … como mãe! Mãe do meu melhor poema, o meu filho! Mas também mãe das minhas conquistas e concretizações! É importante levarmo-nos ao empenho de descobrir até onde somos capazes de ir e onde podemos chegar! É muito importante a realização pessoal. Talvez para nos lembrarmos, ou não termos a oportunidade de nos esquecer… Que estamos VIVOS!

LS – Esteve na antestreia do filme “Os Últimos Moinhos” onde declamou dois poemas originais e feitos para aquele filme. Foi importante para si esse momento? Porquê?
MJ
Esse foi um momento único que jamais esquecerei! Pois, não sabia, até aí o que era ter tantos flashes de máquinas fotográficas na minha direcção! Estava constrangida pois não sabia como estar, olhar ou falar!!! Mas tentei manter a calma e não dar muito nas vistas! Foi fantástico! Essa é uma das histórias para contar aos netos!
Um belo dia saí para tomar café com uma amiga, e reencontrei o meu “velho” amigo de liceu… O Luís, que já não via há anos! Então, entre uma conversa animada, eu contei-lhe do meu livro e ele a mim do seu filme! Foi pura química de artes! Ele lembrou-se de me convidar para estar lá e eu, com um sorriso imenso de orelha a orelha, aceita com um orgulho que quase me saia do peito! (e pelos olhos, lol)! Foi incrível. É um projecto imenso, cheio de belezas naturais, culturas efémeras, utopias e quimeras que nos entram pelos poros de todo o corpo para os transpirarmos em arte! Foi, sem dúvida, um dos momentos que jamais será banido do meu mundo interior de memórias. Um momento, em que um grande amigo me deixou, também a mim, brilhar na sua estrela! E, o bom, é que acho que consegui não deixá-lo ficar mal!

LS – Na Casa Municipal da Cultura de Seia fez o lançamento do seu último livro “Aguarela de poemas”. A par da apresentação do livro onde esteve muita gente, foi apresentada uma peça de teatro onde também participou. É o teatro outros dos “amores” da sua vida?
MJ Claro que sim… e a dança, e o cantar, e os filmes, e tudo aquilo que de alguma forma possa associar à poesia. Vejam, a poesia, tem mesmo de se gostar dela, para andar sempre com ela na mão! E nem toda a gente gosta de ler… infelizmente! Então, para mim, a poesia não deveria ser só lida!!! Deveria ser cantada, dançada, berrada ao ar, encenada eu sei lá! Deveríamos mesmo andar com ela na mão. É urgente mudar o cinzento dos momentos e abraçar a aguarela dos dias!
Se pudéssemos transportar a alma de cada um de nós para os instrumentos diferentes das nossas artes, nunca teríamos um só momento cinzento. Por mim, vou continuar sempre a transportar a minha poesia para tudo que mexa e a faça mexer numa sintonia encantada… tipo prozac sem químicos! Da última vez, se bem me lembro, foi uma passagem de modelos, de mil e uma cores e muita música. Prometo, mais projectos, sem promessa de datas. O que não planeamos, é o que mais planeado está dentro de nós!

LS – Actualmente já está a trabalhar noutro livro? Se sim, para quando o lançamento?
MJ Já tenho a estrutura para um novo projecto. Mas estou a mimá-lo e a prepará-lo… não sei, ainda, para quando será essa cegonha! Mas como disse anteriormente, o que não planeamos, é o que mais planeado está dentro de nós. Eu darei noticias na altura certa, podem contar!

LS – No futuro o que espera vir a alcançar enquanto poetisa?

MJ Aquilo que pretendia alcançar como poeta já o consegui. Estou feliz por ter tido a coragem de abrir a alma e deixá-la voar! Agora, é só continuar a deixá-la voar. Onde vai chegar… não sei! Mas o importante é que chegue sempre a um bom porto!

LS – Caso queira referir outras situações que não estejam previstas na entrevista pode fazê-lo neste espaço:
MJ Gostaria de poder dizer-vos só isto:
As palavras simples são mais de nós mesmos do que dos outros… assim como são dos outros mais do que de nós!


Todos temos um valor como seres humanos, não podemos simplesmente ignorá-lo. É isso que faz de nós próprios um jardim habitado aos olhos do mundo! À que cuidar desse jardim para viver nele com serenidade!

1 comentário:

Rui Ressurreição. disse...

já partilhei esta conversa no meu facebook...boa sorte para a poetisa.RUI.