06/09/2010

ENTREVISTA COM...GONÇALO FERNANDES

No seguimento da "nova" linha editorial do blogue chega hoje a vez da anunciada entrevista com o cavaleiro tauromáquico Gonçalo Fernandes, natural de Seia e que recentemente tomou a alternativa na Figueira da Foz, ou seja, passou de cavaleiro praticante a cavaleiro profissional. Ao Gonçalo agradeço a disponibilidade demonstrada desde a primeira hora e desejo votos de muitos sucessos.
Dados biográficos:
Data de Nascimento:
18-04-1988
Natural de: Seia
Escolas que frequentou: Escola da Ladeira, Colégio Militar (Lisboa), Escola Dr. Guilherme Correia de Carvalho e Liceu.

LS – Gonçalo como começou esta sua paixão por esta arte?
GF – Esta paixão resultou da convivência que desde pequeno tive aqui em casa devido ao meu Pai também ser Cavaleiro Tauromáquico.
LS – Como se faz o trajecto para se chegar ao patamar que agora alcançou?
GF – No meu caso e nalguns colegas meus que têm antecedentes Taurinos é um bocado mais fácil porque as famílias já estão dentro da festa e sabem como tudo se processa. No meu caso eu tive a sorte de já ter as condições necessárias e básicas para se começar ( tentadero, picadeiro, cavalos, selas, casacas, etc), mas ao longo do tempo para se chegar a este patamar é preciso treinar muito para se conseguir passar por diversas categorias (Amador e Praticante) até se alcançar a categoria de profissional.

LS - Explique aos nossos leitores o que é “tomar a alternativa”?
GF
- A Alternativa é quando passamos de cavaleiro praticante a profissional. Para isso temos de realizar alguns ojectivos propostos até aqui poder chegar.
LS – Quantas vezes treina por dia e onde?
GF – Eu treino na Quinta do Barbil em Seia que é onde vivo e tenho toda a estrutura montada para poder realizar esta profissão. Por norma todos os dias treino, mas o tempo e a quantidade dos treinos varia dependendo das corridas que há e da altura do ano em que estamos. Como sabe de Novembro a Abril a época pára. Mas isto não quer dizer que os treinos parem, antes pelo contrário é quando aproveitamos para ensinar os cavalos mais novos e menos experientes.
LS – Diariamente quais os tratamentos e cuidados que presta aos “seus” cavalos?
GF
– Como é obvio todos os dias comem, 2 a 3 refeições por dia, as suas boxes são limpas várias vezes ao dia para que tenham uma apresentação exemplar quer os cavalos quer as instalações e têm um acompanhamento do ferrador e do veterinário constante tendo em conta que são animais de alta competição.
LS – Todos os cavalos são bons para a arte de tourear? Se não, como é que se treinam estes animais para enfrentarem os touros na praça?
GF
– Os cavalos de tourear normalmente são Lusitanos ou de raças que tenham cruzamento deste sangue. Mesmo assim é complicado arranjarem-se bons cavalos de toureio. Se em cada dez que eu experimento e acho morfologicamente que têm capacidades para o toureio, se um ou dois forem bons, já é uma grande sorte, porque um cavalo para tourear tem de ser fisicamente poderoso, ágil, nobre e claro ter muito caração. Juntar estas capacidades todas não é fácil. O treino tem diversas fases, só depois de estarem bem arranjados de equitação é que se introduzem ao toureio, primeiro passando pela tourinha ( carro com uma roda e cornos que faz de toiro), depois indo ao boi manso e só depois começando a tourear vascas e novilhos para se acometerem as suas investidas. Um cavalo até poder sair em praça pode levar dois ou três anos de treino.

LS – Em que praças já actuou e qual o ponto mais alto da sua carreira até agora?
GF
– Eu já actuei em mais de 50 praças e localidades mas
o ponto mais alto da minha curta carreira foi sem duvida a corrida televisionada da minha Alternativa na Figueira da Foz e com o meu Pai meu padrinho.
LS – Além de ser cavaleiro profissional o Gonçalo ensina quem queira aprender a montar um cavalo. Se alguém estiver interessado como deve proceder?
GF
– Deve dirigir-se à Quinta do Barbil (junto da zona industrial em Seia) que é onde eu tenho aberto um Centro Equestre.
LS – Tem patrocinadores? Quais?
GF
– Neste momento não tenho, mas já tive alguns e queria aproveitar para também lhes agradecer o apoio que prestaram no inicio desta carreira.
LS – Acha que esta arte devia ser uma aposta cada vez maior por parte das entidades que nos governam? Porquê?
GF
Sim, sem duvida nenhum, porque alem de ser o segundo espectáculo mais visto em Portugal é uma tradição que se deve manter e honrar em todo o País.
LS – No futuro o que pretende alcançar?
GF – Pretendo subir os máximos degraus nesta arte, apesar de um dos objectivos já ter sido alcançado agora há que traçar outros.

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