06/04/2010

7 de Abril. DIA NACIONAL DOS MOÍNHOS

O património molinológico estende-se por todo o país e é tão variado quanto as fontes de energia utilizadas. No litoral abundam os moinhos de vento, no Centro-Norte os de água (azenhas) e na montanha e montanha alta os mais pequenos, de rodízio, enquanto no Sul existem todos os tipos, conforme a energia que se podia aproveitar em determinado local: vento ou água.Ao longo das filmagens do meu documentário “Os Últimos Moínhos” apercebi-me que numa sociedade que tanto apregoa a defesa do ambiente e dos recursos ambientais parece-me que afinal nada se faz em sua defesa. O esquecimento a que foram votados os moinhos é preocupante. O que vi na rodagem deste filme foi na sua maioria, moinhos abandonados e os poucos que ainda se encontram em funcionamento vão ficar também eles esquecidos. Outro problema que registei foi a poluição que corre nas nossas ribeiras e rios, nomeadamente o escoamento dos esgotos a céu aberto directamente para os rios. É triste por exemplo ver rios onde podemos observar lontras e outras espécies de animais e espécies piscícolas no rio, os esgotos escoarem para o seu leito. Para os moleiros “a água é o nosso sangue” e ficam feridos de morte ao verem “o nosso sangue” contaminado sem que se consigam arranjar soluções para o tratar. As levadas na sua maioria estão destruídas pelo tempo, obstruindo a normal circulação das águas que se perdem pelos campos sem qualquer aproveitamento prático para a agricultura. Relativamente à extinção desta profissão não tenho dúvidas nenhumas que vai mesmo acabar. Há moleiros que mantêm em funcionamento 5/6 mós. Quando estes moleiros partirem deste mundo, essas mós pararão também elas para sempre.Hoje, dia 7 de Abril o mínimo que se pode fazer é lembrar os milhares de moleiros que existiram em Portugal e que em muito contribuíram para a economia das suas localidades e do País. Numa altura em que os valores morais são cada vez menos na nossa sociedade, é com pequenos gestos, nem que seja de lembrança, que devemos partilhar e homenagear artes e profissões que cada vez mais fazem parte do nosso passado e não as deixar cair no esquecimento.

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