28/03/2007

Turismo não acompanha a qualidade da Programação cultural de Seia


Não há turismo em determinada região, se não houver uma boa programação cultural.
Em Seia esta tese não se aplica. Porquê? Vamos ver.
A programação da Casa Municipal da Cultura tem vindo ano após ano a ganhar uma qualidade que mete inveja a regiões do País muito mais desenvolvidas que a nossa. Temos um festival de cinema e ambiente, o CineEco, que ao longo dos anos tem projectado e levado o nome de Seia e da Serra da Estrela aos quatro cantos do mundo, não só pelos filmes que se candidatam que chegam de todo o mundo, como também pela selecção dos filmes vencedores, tendo como mais recente caso o documentário do Jorge Pelicano, “Ainda há pastores?” galardoado com o prémio Lusofonia no passado festival e recentemente galardoado com o prémio categoria Atlântico no festival de cinema em Tui-Espanha tendo sido já seleccionado para mais dois festivais internacionais. É preciso não esquecer que tudo o que se está a passar com este filme, começou em Seia. Mas, nem só de cinema vive o homem. Também ao nível de iniciativas na vertente musical, Seia se tem destacado. Basta para tal verificar as estatísticas e facilmente nos apercebemos que o festival de jazz e blues é já outro marco na programação cultural e divulgação de Seia e da Serra da Estrela. Este ano a divulgação foi tal que veio gente de todo o país assistir aos 4 dias do festival, além que, quinze dias antes do seu inicio já se liam artigos sobre o mesmo, nos jornais nacionais, nos melhores blogues de música nacionais e espanhóis, já se ouvia falar nas rádios regionais e nacionais, além das televisões. Tudo isto chama gente, tudo isto atrai turistas. Dei-vos aqui dois bons exemplos de como a cultura está associada à atracção turística, outros poderia dar mas fico-me por estes. Infelizmente, já o mesmo cenário não posso traçar sobre o turismo na nossa região, estando consciente também que alguns investimentos têm sido feitos e que há vontade de fazer ainda mais, como é o caso do CISE, Centro de Interpretação da Serra da Estrela que certamente veio trazer uma mais valia a Seia e à região, esperando que os objectivos a que se propõe sejam alcançados. Temos alguns investimentos privados de grande projecção nacional e estrangeira como é o caso do Museu do Pão, que também alia a cultura às práticas de atracção turística, como são exemplo as tertúlias que mensalmente se vão realizando naquele espaço e que têm trazido a Seia gente conhecida e reconhecida das artes, dos espectáculos, do desporto, da televisão. Temos ao nível de alojamentos e restauração a Quinta do Crestelo proprietária também das Casa do Cruzeiro no Sabugueiro e que recebe ao longo do ano colónias de jovens de todo o país,e, temos o Museu do Brinquedo que a julgar pelos números que por vezes se vão lendo, também contribui fortemente para a atracção do turismo à região.
A pergunta que se coloca é se “Isto chega?”
Não chega, mas já é alguma coisa.Em minha opinião o que está por lapidar é a própria Serra da Estrela. Ouvimos falar dela apenas no Inverno e quando neva. Esta promoção é falsa. A Serra da Estrela não é só neve. No Verão a Serra é lindíssima, oferece-nos paisagens de encantar. Não é por acaso que o filme “Ainda há pastores?” ganhou o festival. Ganhou-o pela qualidade do tema, mas também pelas bonitas paisagens que o abrilhantam. Não é por acaso que o filme “Non a Van Gloria de Mandar” foi rodado na Serra da Estrela. Não é por acaso que o filme “Coisa Ruim” foi rodado na nossa região. Os produtores procuraram enquadrar o seu filme nas belas paisagens da Serra e do interior, é por isso que vieram para cá filmar, porque noutros pontos do país não conseguiam obter os resultados que se propuseram ao inicio obter.
O que falta?
1 - Falta desviar o trânsito da zona histórica da cidade e permitir que a mesma dê condições aos turistas para passearem livremente nesta zona;
2 - Falta sinalizar devidamente os monumentos históricos que cá temos através de cartazes gigantes com a fotografia, o nome e um pouco da história de cada um;
3 - Falta como acontece noutras zonas turísticas, criar rotas dos monumentos da região que permitam ao turista conhecer o concelho, através por exemplo de passeios em mini-bus;
4 - Falta encontrar uma solução que se enquadre até nas práticas da defesa ambiental e que permita ao turista passear pela cidade por exemplo numa charrete;
5 - Falta colocar uma placa logo quando se começa a subir para a Aldeia da Serra ou via Loriga, com imagens das lagoas que existem na Serra e a sua localização;
6 - Para ser mais arrojado, falta organizar viagens em helicópteros, devidamente pagas, para o turista sobrevoar a Serra e apreciá-la através de vista aérea;
7 - Falta pensar no turismo como uma prática diária e não apenas de fim-de-semana

Esta é a minha opinião, apontando caminhos em meu entender fáceis de concretizar e pouco dispendiosos, mas concerteza que nos darão outra projecção turística.

5 comentários:

O Micróbio II disse...

Com a excepção da proposta do helicóptero (6)... a qual a acho demasiado despropositada e certamente de influência negativa perante um qualquer estudo de impacte ambiental, todas as outras são propostas a ter em conta. No entanto, nenhuma delas faz sentido se a região não for promovida pelos diversos agentes turísticos em todas as regiões. As tuas propostas só interessam a quem cá chegar, mas é preciso atrair os outros que por aqui não passam nem tencionam passar... Nos grandes centros urbanos do país, a Serra só é conhecida por causa do queijo e do cão... de resto, lembram-se que é a Serra mais alta de Portugal Continental!... Para a maioria as Serras de Espanha têm outros ingredientes que não se limitam a questões gastronómicas ou caninas!

LS disse...

Gostava de saber porque é que os passeios em helicoptero seriam de influencia negativa em qualeur estudo de impacto ambiental. Iriam assustar os lobos? Iriam assustar os javalis? Ne penses numa coisa dessas, olha para o exemplo da Suiça e diz-me alguma coisa depois.

ljma disse...

Tinham uma influência negativa porque fazem barulho. Não é só pelos bichos (mas recordo que se trata de uma área protegida). É por aqueles, turistas e locais, que querem gozar a serra em sossego. Não é para usufruir do barulho dos helis que vamos à Serra, não é passeios de heli a primeira coisa que se nos ocorre quando planeamos uma ida à Serra. Pensamos em paisagens, em contacto com a natureza, em "recarregar baterias". Crie-se essa possibilidade e ela até poderá ser um sucesso, vistos os clientes que temos sabido cativar para isto a que por cá chamamos turismo de montanha. Mas a que custo? Ao custo de se empurrarem, ainda mais, os turistas como eu para Gredos, para o Gerês, para os Picos da Europa, para longe.
"Olha para o exemplo da Suiça" e verás lá muitos que gostavam que essas atracções barulhentas (helis, motas de neve, moto 4, etc) não andassem tão à vontade, e tantas, por todo o lado.

O Micróbio II disse...

Luís, dizer que os helis não seriam negativos para andar a passear numa serra protegida é quase como defender o uso de barcos a motor numa lagoa onde se faz captação de água... olha, mais uma boa ideia turística: põe barcos a motor na Lagoa Comprida!

LS disse...

...a motor não digo, mas que lá metia umas gaivotas, ai lá isso metia. Continuo a dizer que os passeios de helicoptero seriam uma excelente iniciativa de captação de turistas de alta gama.