Está na ordem do dia a discussão sobre as acessibilidades ao nosso Concelho. Tem-se lido por aí muita opinião acerca deste tema. Uns defendem os túneis, outros os Ic´s, havendo até quem conjecture que há por aí gente que não quer saber das aldeias de montanha que tanto beneficiariam com os tais Ic´s. Não posso deixar aqui de lembrar a alguns "profetas da verdade" que antes de falarem sobre as acessibilidades não se devem esquecer de falar em primeiro lugar da rede de transportes públicos deficitária que terras como Vide, Teixeira, Aguincho, Vasco Esteves, Alvoco da Serra, se debatem diariamente. Para as pessoas que leêm este post terem uma ideia do que estou falar basta dizer-vos que as pessoas destas terras se quiserem vir à sede de Concelho têm de se levantar às 5h30 da manhã para apanharem o único autocarro que os trará a Seia que passa por volta das 6h30 da manhã não havendo outro transporte público (autocarro) alternativo a horas mais decentes. Algumas crianças destas terras para irem para a EB2 de Loriga são obrigadas a sair a esta hora para iniciarem as aulas às 8h30 e só regressam a suas casas ao final do dia já a noite vai longa. As pessoas mais idosas que vivem da sua pensão rural (220 euros/mês) se quiserem vir a Seia ao Hospital, à Câmara e a outros serviços públicos são obrigadas a levantarem-se ainda de noite faça frio ou chuva, caso contrário terão de vir de táxi que leva actualmente aproximadamente 50 euros (ida e volta). Por estas razões e por outras antes de falarem sobre as acessibilidades devem é sentar-se à mesa, por a mão na consciência e resolver de uma vez por todas este problema que afecta crianças e idosos destas terras e de uma vez por todas criarem uma rede de transportes públicos mais adaptada às efectivas necessidades das pessoas e regiões mais distantes geograficamente. Meus senhores, estas terras e estas gentes também fazem parte do Concelho.
2 comentários:
Concordo inteiramente. Acho que é com esta abordagem que se devem discutir as acessibilidades na nossa região e não, como é mais costume, relacioná-las com o turismo no interior da Serra.
Penso que um turismo a sério, na Serra da Estrela, não pode ser um que se baseia na facilidade e rapidez com que um automobilista do Porto chega à Torre de manhã, para ao Porto regressar ao fim do dia, depois de algumas horas a esquiar (ou "skuar") e/ou a comprar peças de fancaria.
Um turismo a sério devia, quanto a mim, basear-se nas localidades, encorajando a descoberta lenta e demorada das aldeias, vilas e cidades, da gastronomia, da cultura, da natureza, das paisagens, dos vales e das encostas da Serra.
Penso que só para o turismo toca-e-foge que temos tido é que são precisas mais e melhores estradas serra a dentro.
Saudações!
José Amoreira
Esse tão badalado túnel não está contemplado nos novos 349 km de alcatrão que o Sócrates vai espalhar por aí... a obsessão por imitar o Cavaco mantém-se, por isso não desesperem: o túnel vai dar à luz, nem que para isso seja necessário desviar uns quantos cêntimos do QREN!!
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