04/12/2008

O blogue feito pelos seus leitores

Uma morte inesperada
Francisco Sá Carneiro faleceu na noite de 4 de Dezembro de 1980, em circunstâncias trágicas e nunca completamente esclarecidas, quando o avião no qual seguia se despenhou em Camarate, pouco depois da descolagem do aeroporto de Lisboa, quando se dirigia ao Porto para participar num comício de apoio ao candidato presidencial da coligação, o General António Soares Carneiro. Juntamente com ele faleceu o Ministro da Defesa, o democrata-cristão Adelino Amaro da Costa, bem como a sua companheira Snu Abecassis, para além de assessores, piloto e co-piloto. Nesse mesmo dia, Sá Carneiro gravara uma mensagem de tempo de antena onde exortava ao voto no candidato apoiado pela AD, ameaçando mesmo demitir-se caso Soares Carneiro perdesse as eleições (o que viria de facto a suceder três dias mais tarde, sendo assim o General Eanes reeleito para o seu segundo mandato presidencial). Dada a sua trágica morte, pode-se muito bem especular sobre se teria ou não demitido em função dos acontecimentos subsequentes... Vinte e oito anos depois dos acontecimentos, contudo, continuam-se a existir duas teses relativas à sua morte: a de acidente (eventualmente motivado por negligência na manutenção de um avião que não era novo), ou a de atentado verificado como mais provavel (nesse último caso, desconhecendo-se quem o perpetrara e contra quem teria sido ao certo - Sá Carneiro ou Amaro da Costa), porque Sá Carneiro queria que Marcello Caetano - na altura em que se deu o 25 de Abril, o Presidente do Conselho de Ministros (cargo equivalente ao actual Primeiro-Ministro) - voltasse para o Governo. Outra teoria, avançada por alguns meios de comunicação social, refere que Sá Carneiro e Amaro Costa levavam na sua posse provas de corrupção e negociatas da parte da ala esquerda política envolvendo o partido comunista português e também socialistas.

Na página oficial do PSD-Seia
(http://www.psdseia.blogspot.com/) no dia em que se assinalam 28 anos da morte de Francisco Sá Carneiro, não deixa de ser curioso que nada constava que fizesse referência ao Fundador do PPD.

3 comentários:

Marieke disse...

parabéns pelo blogue.
Nãoconhecia.
passareia visitar com frequência
Quanto ao post..o que esperava..agora ou existe o PSD ou o PPD-PSD..o PPD não..por issopara que falar de algo que acabou em 4 de dezembro de 1980?
Um abraço marinheiro

Anónimo disse...

Caro Luís Silva,

Julgo que Sá Carneiro tinha um sonho para Portugal e muitos criaram à volta dele um novo sebastianismo.
É curioso que devido a complicações de saúde relacionadas com um cancro nos intestinos, a vida de Sá Carneiro pouco se prolongaria, mas acabou de uma forma mais estupida do que a própria morte, por si, já é.
Conheci por acaso Patrício Gouveia um mês antes em casa de um parente, eu tinha 10 anos e já na altura havia uma enorme esperança das pessoas na AD e em tudo o que lhe estava relacionado.Acabou por ser um sonho abruptamente interrompido. Lembro-me igualmente dessa noite e de ver o Raúl Durão na RTP a anúnciar o acidente, bem como dos telefones sempre a tocarem em casa.
Julgo, no entanto, que depois disso e por muitos militantes do PSD se usou Sá Carneiro para difundir um mito que não foi e assim se continua a usar o mito para cair em boas graças.
Lamento que até hoje tudo continue envolto em dúvidas que não correspondeu à mesma velocidade com que lhe criaram estátuas em Lisboa e no Porto.
Um excelente documentário é "Sá Carneiro, Uma Força de Viver" que recomendo a quem tenha possibilidade de ver.

Votos de um Excelente Fim-de-Semana.

Com estima e admiração

Carlos Sério disse...

Esta visão social-democrata da vida económica-social requer necessariamente:

a) Planificação e organização da economia com participação de todos os interessados, designadamente das classes trabalhadoras e tendo como objectivos:
- desenvolvimento económico acelerado;
- satisfação das necessidades individuais e colectivas, com absoluta prioridade às condições de base da população (alimentação, habitação, educação, saúde e segurança social);
- justa distribuição do rendimento nacional.

b) Predomínio do interesse público sobre os interesses privados, assegurando o controle da vida económica pelo poder político e pelos meios técnicos adequados às circunstâncias, incluindo a propriedade social dos sectores chaves da economia e das empresas que operam de facto como poderosos instrumentos de domínio na vida dos cidadãos. Esta propriedade social não revestirá formas dogmáticas, mas adoptará as fórmulas convenientes, designadamente controle por autarquias regionais e locais, entidades sindicais, cooperativas, empresas de economia mista "holdings" do Estado e nacionalizações.

c) Todo o sector público da economia deve ser democraticamente administrado e controlado por um órgão representativo, separado do Governo, a quem incumbirá a superintendência de toda a actividade do Estado.

d) A liberdade de trabalho e de empresa e a propriedade privada serão sempre garantidas até onde constituírem instrumento da realização pessoal dos cidadãos e do desenvolvimento cultural e económico da sociedade, devendo ser objecto de uma justa programação e disciplina por parte dos órgãos representativos da comunidade política.

e) A liberdade sindical, o direito à greve, a participação, fiscalização e cogestão das empresas por parte dos trabalhadores são meios necessários para uma permanente e contínua subordinação da iniciativa privada e da concorrência aos interesses de todos e à justiça social.

f) Adopção de medidas de justiça social (salário mínimo nacional, frequente actualização deste salário e das pensões de reforma e sobrevivência, de acordo com as alterações sofridas pelos índices de custo de vida, reformulação do sistema de previdência e segurança social, sistema de imposto incidindo sobre a fortuna pessoal preferentemente ao rendimento de trabalho com vista à correcção das desigualdades).

g) No sector agrário, são prioritárias acções que visem a eliminação do absentismo e o desenvolvimento da empresa agrícola, apoiada pelo crédito, e uma intervenção activa na comercialização e industrialização dos produtos.

h) Consideração do trabalhador como sujeito e não como objecto de qualquer actividade. O homem português terá de libertar-se e ser libertado da condição de objecto em que tem vivido, para assumir a sua posição própria de sujeito autónomo e responsável por todo o processo social, cultural e económico.


(Franscisco Sá Carneiro – “Textos” - Terceiro Volume - 1974-1975)
ruy - a minha homenagem