Uma vez que nem todos os leitores do blogue são assinantes do Jornal "A Partilha", e, porque na última edição decidi entrevistar Lauro António, conceituado critico de cinema e Director Técnico do Festival CineEco, não resisto em publicar aqui partes dessa mesma entrevista uma vez que tenho leitores de todo o País que através de e´mail já demonstraram interesse em a ler. O próprio Lauro António solicitou-me a entrevista para colocar no seu blogue.
Como vem sendo hábito ao longo das edições do Jornal, e, após entrevistas a várias figuras públicas de âmbito nacional e internacional, “A Partilha”, nesta edição, tem a honra de publicar mais uma grande entrevista, desta vez com o cineasta português, Lauro António. Enquanto Director Técnico do CineEco, acedeu dar-nos uma ENTREVISTA EXCLUSIVA em jeito de balanço sobre a 12.ª edição do Festival deste ano que terminou há poucos dias, bem como, levanta um pouco o véu do que gostaria que fosse o CineEco em edições futuras.
Luis Silva (LS) - Onde e em que ano surgiu o convite para ser Director Técnico do CineEco?
Lauro António (LA) - Foi em fins de 1994, inícios de 1995. Recebi um telefonema de uma agência de publicidade que estava a tratar do lançamento do Festival. Eles não sabiam nada de cinema, mas perguntavam-me se podiam dar o meu nome para dirigir o Festival. Disse que sim, e que logo se veria o que poderia dar. Fui a Seia falar com uma comissão magnífica, composta por pessoas que me fascinaram logo, e de quem, desde essa altura, sou amigo. O Presidente da Câmara, Eduardo Brito, o Carlos Teófilo, o Nuno Santos, a Angelina Barbosa, o Mário Jorge Branquinho…
Lauro António (LA) - Foi em fins de 1994, inícios de 1995. Recebi um telefonema de uma agência de publicidade que estava a tratar do lançamento do Festival. Eles não sabiam nada de cinema, mas perguntavam-me se podiam dar o meu nome para dirigir o Festival. Disse que sim, e que logo se veria o que poderia dar. Fui a Seia falar com uma comissão magnífica, composta por pessoas que me fascinaram logo, e de quem, desde essa altura, sou amigo. O Presidente da Câmara, Eduardo Brito, o Carlos Teófilo, o Nuno Santos, a Angelina Barbosa, o Mário Jorge Branquinho…
LS - Quem é que o abordou na altura para o efeito?
LA - Quem me abordou, como elemento da Agência de Publicidade que tratava do lançamento do Festival, foi a Paula Bobone, que me conhecia dos tempos da faculdade, onde fôramos colegas. Ela sabia que eu dirigira outros festivais e tinha plena confiança em mim.
LS - O que representa para si ser Director Técnico num festival como oCineEco, inserido num meio do interior do País?
LA - Uma aposta na dificuldade. Um desafio. Eu gosto de desafios difíceis e gosto do interior de Portugal, acho que está mal servido culturalmente e faço tudo para melhorar na medida das minhas possibilidades. Esta é uma delas.
LS - Ao longo das edições do CineEco houve algum ano em especial, que tivesse mais significado para si? Porquê?
LA - Cada ano é uma novidade, um desafio, cada ano fico mais ligado a este festival. Globalmente, foi um ano fortíssimo na competição, um ano de confirmação plena, um ano de um ambiente humano magnífico.
LA - Quem me abordou, como elemento da Agência de Publicidade que tratava do lançamento do Festival, foi a Paula Bobone, que me conhecia dos tempos da faculdade, onde fôramos colegas. Ela sabia que eu dirigira outros festivais e tinha plena confiança em mim.
LS - O que representa para si ser Director Técnico num festival como oCineEco, inserido num meio do interior do País?
LA - Uma aposta na dificuldade. Um desafio. Eu gosto de desafios difíceis e gosto do interior de Portugal, acho que está mal servido culturalmente e faço tudo para melhorar na medida das minhas possibilidades. Esta é uma delas.
LS - Ao longo das edições do CineEco houve algum ano em especial, que tivesse mais significado para si? Porquê?
LA - Cada ano é uma novidade, um desafio, cada ano fico mais ligado a este festival. Globalmente, foi um ano fortíssimo na competição, um ano de confirmação plena, um ano de um ambiente humano magnífico.
LS - Como é que é feita a selecção do júri?
LA - Ao longo do ano vou analisando possibilidades e depois vejo quais as disponibilidades de cada um. Um Júri tem de ser diversificado, competente, que dê bom viver entre si, que imponha respeito aos concorrentes e ao público. Credível, honesto, isento. Assim tem sido.
LS - Existem critérios para a votação dos filmes? Quais?
LA - Critérios de votação é com cada Júri, cada Presidente. Eles definem, em total liberdade, como irão funcionar. À direcção do Festival interessa apenas que vejam os filmes e sejam honestos e isentos e que no final do festival nos ofertem uma acta de Júri. Assim tem sido.
LS - Este ano a conhecida Lili Caneças foi alvo de críticas por fazer parte do júri, nomeadamente porque diziam que não tem conhecimentos técnicos sobre esta matéria. Concorda com esta opinião, ou não, e porque é que convidou a Lili Caneças?
LA - Um falso problema. Um Júri é constituído por pessoas de áreas diferenciadas, de sensibilidades diversas. A Lili é uma sensibilidade que tem muito a ver com o que o público sente. De resto, o facto dela vir ao festival só foi positivo, tornou-o mais visível, e ela, que tem voz e é ouvida por tantos, ficou mais sensibilizada para os problemas do ambiente e para os poder abordar em futuras actividades públicas. Além disso, é uma mulher magnífica, de quem sou amigo.
LS - Houve mais interesse este ano por parte da imprensa nacional eregional em relação ao festival?
LA - Há um crescente interesse por este festival, tanto a nível nacional, como internacional. Devo dizer que é evidente que este Festival é um dos melhores e mais conceituados festivais de ambiente europeus.
LA - Ao longo do ano vou analisando possibilidades e depois vejo quais as disponibilidades de cada um. Um Júri tem de ser diversificado, competente, que dê bom viver entre si, que imponha respeito aos concorrentes e ao público. Credível, honesto, isento. Assim tem sido.
LS - Existem critérios para a votação dos filmes? Quais?
LA - Critérios de votação é com cada Júri, cada Presidente. Eles definem, em total liberdade, como irão funcionar. À direcção do Festival interessa apenas que vejam os filmes e sejam honestos e isentos e que no final do festival nos ofertem uma acta de Júri. Assim tem sido.
LS - Este ano a conhecida Lili Caneças foi alvo de críticas por fazer parte do júri, nomeadamente porque diziam que não tem conhecimentos técnicos sobre esta matéria. Concorda com esta opinião, ou não, e porque é que convidou a Lili Caneças?
LA - Um falso problema. Um Júri é constituído por pessoas de áreas diferenciadas, de sensibilidades diversas. A Lili é uma sensibilidade que tem muito a ver com o que o público sente. De resto, o facto dela vir ao festival só foi positivo, tornou-o mais visível, e ela, que tem voz e é ouvida por tantos, ficou mais sensibilizada para os problemas do ambiente e para os poder abordar em futuras actividades públicas. Além disso, é uma mulher magnífica, de quem sou amigo.
LS - Houve mais interesse este ano por parte da imprensa nacional eregional em relação ao festival?
LA - Há um crescente interesse por este festival, tanto a nível nacional, como internacional. Devo dizer que é evidente que este Festival é um dos melhores e mais conceituados festivais de ambiente europeus.
LS - Este modelo actual é para manter, ou tem em vista aplicar novasmetodologias de gestão do festival?
LA - O problema é consolidar a metodologia, não modificá-la. Fomos, e temos sido, pioneiros, temos dado ajuda a outros festivais (no Brasil, em Cabo Verde…), o importante é ter melhores condições para transformar este festival num festival mais conhecido. Apenas isso. E falo em termos portugueses.
LS - O apoio financeiro dado pela autarquia foi o suficiente ou énecessário mais investimento e porquê?
LS - O apoio financeiro dado pela autarquia foi o suficiente ou énecessário mais investimento e porquê?
LA - Tem sido o possível, não o necessário. Maior investimento sobretudo para publicitar o festival, para o tornar mais conhecido mais mediatizado. Convidar meios de comunicação social e realizadores a estarem presentes. Somente isso, o resto está não, diremos, perfeito, mas no bom caminho.
LS - Quando se faz um festival de cinema desta categoria como é o CineEco, alcança-se algum retorno financeiro, ou não é esse um dos objectivos?
LA - Não é esse o objectivo. Não se trata de ter retorno financeiro, mas retornos culturais, artísticos, cinematográficos, ambientais, turísticos.
LS - Este ano o grande vencedor do CineEco foi o filme "O ataque dotigre" do realizador russo Sasha Snow. Porquê este filme?
LA - Essa é uma pergunta para o Júri. Para mim, o grande vencedor seria “Carpatia”. Mas “O Ataque do Tigre” é um grande filme, premiado em diversos festivais. È também uma óptima escolha.
LS - Outro dos filmes vencedores, o que ganhou o prémio Lusofonia, foio "Ainda há pastores". Faço-lhe a mesma questão: Porquê esta nomeação?
LA - Foi unanimemente considerado o melhor filme em língua portuguesa, era uma revelação, e acabara de ser excluído do Doc Lisboa, onde não fora sequer seleccionado. Acho que foi uma boa escolha do Júri.
LS - Quando se faz um festival de cinema desta categoria como é o CineEco, alcança-se algum retorno financeiro, ou não é esse um dos objectivos?
LA - Não é esse o objectivo. Não se trata de ter retorno financeiro, mas retornos culturais, artísticos, cinematográficos, ambientais, turísticos.
LS - Este ano o grande vencedor do CineEco foi o filme "O ataque dotigre" do realizador russo Sasha Snow. Porquê este filme?
LA - Essa é uma pergunta para o Júri. Para mim, o grande vencedor seria “Carpatia”. Mas “O Ataque do Tigre” é um grande filme, premiado em diversos festivais. È também uma óptima escolha.
LS - Outro dos filmes vencedores, o que ganhou o prémio Lusofonia, foio "Ainda há pastores". Faço-lhe a mesma questão: Porquê esta nomeação?
LA - Foi unanimemente considerado o melhor filme em língua portuguesa, era uma revelação, e acabara de ser excluído do Doc Lisboa, onde não fora sequer seleccionado. Acho que foi uma boa escolha do Júri.
LS - O que ambiciona para as futuras edições do festival?
LA - Mais e melhor. Sempre.
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