21/11/2007

Provavelmente o casal mais idoso do País

Comemoração Centenária
Realizou-se no dia 19 de Novembro no salão nobre da Casa do Povo de Vide o aniversário comemorativo dos 100 anos de idade do Sr. António Santos Nobre. Nesta ocasião estiveram presentes utentes do Centro de Dia e do Serviço de Apoio Domiciliário de toda a Freguesia, Directores da Casa do Povo de Vide e funcionárias da Instituição. Juntaram-se ao almoço comemorativo o Sr. Director da Segurança Social da Guarda, Dr. Pires Veiga acompanhado da Dr.ª Ana Peres, Técnica Local de Serviço Social, assim como, estiveram em representação pela Câmara Municipal a Sr.ª Vereadora da Acção Social Eng.ª Cristina Sousa acompanhada da Dr.ª Odete Branquinho, Assistente Social do Município. O almoço comemorativo ocorreu pelas 13 horas, tendo-se seguido a entrega das lembranças pelo Sr. Director da Segurança Social que ofereceu também o bolo de aniversário, “o bolo do século”. O Sr. Presidente da Casa do Povo de Vide também entregou duas lembranças ao aniversariante, bem como a Sr.ª Vereadora da Acção Social da Câmara que também fez questão de entregar a lembrança do Município. De seguida as crianças do Jardim-de-infância e Escola Primária de Vide cantaram os parabéns ao aniversariante Desejamos votos de saúde e muitas felicidades para o Sr. Nobre e sua esposa que muito provavelmente são o casal mais idoso de Portugal.
Historial de Vida
Nascido em 19.11.1907 cedo começou a trabalhar.
Á época vivia-se a Monarquia em Portugal.
Reinava o último Rei de Portugal, D. Manuel II “O Patriota” que reinou pouco mais de dois anos tendo sido destronado pelo triunfo da revolução republicana de cinco de Outubro de 1910. Com apenas 2 anos de idade, António Santos Nobre, de um regime Monárquico passava agora a viver num regime Republicano. O primeiro presidente da República foi Teófilo Braga, mas foi apenas presidente do Governo Provisório até às eleições, onde foi eleito como primeiro Presidente de Portugal Manuel de Arriaga. Desde muito pequeno, roçava mato e guardava gado para ajudar os pais. Teve 3 irmãos e 2 irmãs. Já nenhum é vivo. Frequentou 3 escolas primárias. Escola de Vide, Gondufo e por último a Escola da Barriosa da qual guarda boas recordações da sua Professora Maria José Barreiras. Com apenas 7 anos de idade já ouvia falar na I.ª Grande Guerra Mundial (1914-1918), mas isso “era coisa que não o assustava”.Não foi à tropa. Na altura na Barriosa no ano dele estavam destacados 13 rapazes, ele ficou livre. Sempre trabalhou na agricultura na terra de onde nunca saiu, a Barriosa. Casou com 29 anos em 1936, 3 anos antes de eclodir a II.ª Grande Guerra (1939-1945). Conheceu a sua “mais que tudo” na Barriosa. São primos em 2.º grau. Do casamento resultaram 4 filhos, sendo que um faleceu com apenas 17 dias. Fala com enorme gratidão e emoção dos seus filhos José, António e da filha Fátima. Questionado sobre qual o segredo para tamanha longevidade, responde com um simples: “Deus é que manda”. É um homem que nunca fumou nem nunca teve o hábito de beber. Hoje, passa os dias sentado á soleira da porta detrás de sua casa, já que, “não sente forças para sair de casa”.
Os seus hábitos diários começam bem cedo. Levanta-se pelas 8 horas da manhã, prepara uma “malga” de café com leite e “mete-lhe 2 ou 3 pães para dentro” ficando “quase bem” para todo o dia. Ao meio-dia não lhe apetece comer quase nada. Á tarde toma um copo de leite e come uns “bolitos”. Á noite não passa sem comer a sua sopinha. Chegadas as 19 horas é hora de se deitar. Não “perde tempo” a ver televisão. Fala da Barriosa com grande amor. Sempre gostou da Barriosa e das pessoas que cá viveram e vivem. Antigamente havia na Barriosa muita gente a viver. Muitas pessoas começaram a sair para a Argentina à procura de melhor vida mas ele sempre ficou na sua terra. “Hoje não há cá ninguém, as casas estão todas fechadas”. Gosta das pessoas da Casa do Povo de Vide que vão a sua casa todos os dias “olhar” por ele e pela sua mulher. Agora, diz que está tudo
feito, não pode fazer nada nem há quem faça nada. Quanto à sua “mais que tudo” diz que não se podem ver um sem o outro e que toda a vida se trataram bem. “Só o Céu os separará”. Deixa um conselho a quem ler estas linhas: “Se for para tratarem mal as vossas mulheres mais vale não se casarem”.

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