A propósito da nova estrada que ligará Portela do Aarão à lagoa comprida, recebi ontem este comentário:
"Olá, Desculpe, mas não me agrada a felicidade que se sente neste seu post.Acho que as melhores paisagens da Serra não deviam ser rasgadas com estradas como estas. Acho que a melhor maneira de as apreciar não é de dentro de um automóvel. Aliás, acho que quando nos são assim "oferecidas" (para usar a sua expressão) perdem quase toda a graça, é como vê-las na TV. Acho que a melhor maneira de desenvolver o turismo na Serra não passa por estradas que apenas atraem os turistas das "voltinhas dos tristes" (e lhes permitem voltar para casa rapidamente, sem sequer pernoitarem na região) e que afastam os que verdadeiramente apreciam a natureza e a paisagem para longe (para o Gerês, por exemplo).Quanto a mim, esta estrada é um erro que estraga a paisagem, que abre um novo vector para a urbanização e artificialização da Serra e que, se tiver algum efeito sobre o trânsito, será o de aumentar ainda mais a confusão rodoviaria que se vive na Serra *naqueles* fins de semana com neve. Mais de resto, agradou-me o seu blog. Bom dia!"
ljmamoreira@gmail.com
5 comentários:
Antes de mais agradeço o seu comentário. É uma opinião e como todas deve-se respeitá-la e até debatê-la. Quando no "post" a que se refere o meu caro amigo "Cântaro Zangado" eu publico orgulhosamente as fotografias deste lado da encosta da Serra da Estrela, apenas o faço com o orgulho próprio de ser o único que até ao momento lá foi tirá-las, até porque ainda se encontra interdita à circulação e longe de estar finalizada. Na realidade, fiquei admirado com tamanhas e tão bonitas paisagens naturais que nos fazem perder a vista e esquecer o ambiente poluido que infelizmente grassa por toda a parte. Ali, no meio de tanta serra, avistam-se lá longe as aldeias perdidas no interior, parecendo imagens tiradas de um filme. A belza da natureza no seu esplendor, digo-lhe é magnifica. E, é por aí que manifesto a meu orgulho e a minha felicidade, porque como se pode ler no referido post, em relação à estrada eu até pouco ou nada refiro, se é que numa parte do texto até chego a referir o perigo que esta mesma estrada vai representar no inverno com a neve e com o gelo. Pretendo realçar apenas as paisagens.
Lá terei que voltar a dar que fazer ao "burro", para poder serpentear as veredas da Serra... cada vez que quiser fazer, por exemplo, o trajecto entre Castelo Branco e Seia por motivos profissionais. É claro que sempre tenho a alternativa de percorrer todo o sopé da Serra, passando pela Guarda, Celorico, Gouveia... é o triplo dos Kilómetros e a gasosa até está barata.
Caro Luís Silva,
Decerto que são paisagens magníficas, e bem podemos orgulhar-nos delas! É claro que vale a pena mostrá-las! Mas melhor ainda era protegê-las, e ver como é que podem ser usadas para potenciar o desenvolvimento da região.
No meu entender, esta aposta no "turismo rodoviário" já mostrou as suas "virtudes": engarrafamentos quando há neve, e turistas que vêm e vão sem realmente aproveitarem o que por cá temos (queijo e fancaria à parte). Esta estrada (como tantas outras) vai inviabilizar na zona de Loriga negócios que são lucrativos noutras regiões (Gerês, por exemplo), como passeios a cavalo, passeios pedestres com guia, circuitos de BTT, turismo de natureza e/ou aventura, em suma. Se se pode aceder a tudo no nosso carrinho, se tudo nos é assim "oferecido", porque raio se há-de pagar pela descoberta? Não só isso, se se pode ver tudo de carrinho, pode ver-se tudo *depressa*, logo, almoça-se quando muito, não vale a pena jantar ou pernoitar na região.
O que diz da segurança é bem verdade. O Centro de Limpeza de Neve já se vê em dificuldades para manter transitáveis as estradas que temos, quanto mais as que se planeiam e constroem... Muitas pessoas têm-se mostrado favoráveis ao condicionamento do trânsito pelo planalto central da serra nos fins de semana de maior confusão (veja-se o blog do programa PETUR Trânsito na Serra da Estrela). Esta nova estrada vai complicar ainda mais (se chegar a ser utilizada significativamente, coisa que eu duvido que venha a ocorrer) a ordenação e/ou o condicionamento do tráfego pelas forças da GNR... Em suma, esta estrada é um tiro no pé! É uma aposta num turismo que já se viu que não vale nada, não desenvolve nada, não cria riqueza, nem gera empregos, não evita a desertificação das nossas regiões.
Esta é a minha opinião; obviamente, vale, no máximo, tanto como outra qualquer.
Micróbio, não tenho a certeza de perceber o que quer dizer, mas duvido muito que esta estrada seja a melhor para se chegar de Castelo Branco a Seia. Mais rápida que esta é a que vai do Coxaril para São Romão, e melhor ainda é a que, decerto, costuma usar, pelo Sabugueiro.
PS: caro Luís, perdoe este fala-barato, começo a escrever e nunca mais me "calo"...
José Amoreira (Covilhã)
Comentários como os de José Amoreira são sempre bem vindos. Escreve com conhecimento de causa e de forma séria sempre importante para quem lê o blog, pois não só informa como também forma e isso é que interessa. José se não fosse esta estrada com tudo de bom e mau que possa ter, muito provavelmente nunca teria tido acesso a estas fotografias, pois o que existia era uma caminho em terra que praticamente só se lá ia de moto, nem de jipe lá se conseguia aceder. Com todos os pontos bons e maus que a estrada venha a ter, pelo menos "nisto" foi bom.comente sempre por cá. ABRAÇO
Obrigado pelos cumprimentos, que agradeço (mesmo sem ter a certeza de os merecer) e que quero retribuir. Aproveito para o convidar para ir passando uma vista de olhos no meu blog. Fico-me pelas "vistas de olhos" porque, para me poder dedicar a outras actividades (incluindo a que me paga o pequeno almoço todos os dias), desactivei temporariamente os comentários, numa altura em que me cansei da intensidade das discussões com os leitores...
Cumprimentos dados, deixe-me enumerar outras possibilidades para se ter acesso às paisagens que nos ocupam: a pé, a cavalo, de burro, de bicicleta, em parapente. Quanto a mim, estes são os "meios de transporte" que se deviam desenvolver na Serra. Se a palavra passasse de que se podiam dar destas passeatas, com ou sem guia, na Serra da Estrela, ela poderia transformar-se num verdadeiro destino turístico de montanha, como já o é o Gerês. Mas a imagem da Serra também é, para muitos (principalmente muitos daqueles que maior predisposição teriam a visitá-la), a do lixo e dos mamarrachos da Torre, a do comércio da fancaria rasca, a da praticamente nula oferta de actividades de ar livre. Claro que as paisagens são magníficas, mas só isso não chega. (Ou talvez chegasse, se houvesse *apenas* as belas paisagens, devidamente protegidas de certos "melhoramentos"...) E mais estradas vão apenas reduzir a sua beleza e multiplicar os montinhos de lixo de alguns piqueniqueiros e os montões de entulho de alguns construtores civis...
Bem, vou ficar por aqui. Um grande abraço do lado de cá da serra!
José Amoreira
PS: Continue a traçar as rotas que neste oceano nos levam aos bons portos!
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