De 15 a 8 valores

Um oásis de ricos no deserto dos pobres
O desemprego em Portugal começa a atingir proporções catastróficas não olhando à idade ou condição social, enquanto todos os meses assistimos e vemos um batalhão de políticos e gestores públicos a reformarem-se com milhares de euros na algibeira. Parece um regabofe. Curiosamente, ou talvez não, o actual Governo deixou reformar 19.000 trabalhadores do Estado e, espanto dos espantos, fez entrar 20.000 quando se sabe que o anúncio feito é o de querer colocar 75.000 activos no olho da rua. Com esta estratégia chegarão ao fim do mandato, não com menos 75.000 funcionários públicos, mas com quase mais 10.000 dos que os que há actualmente, o que não é um bom presságio. Na recente cimeira da Primavera, José Sócrates reuniu chefes de Estado e de governo da União Europeia, dizendo acerca desta matéria que é necessário relançar a economia europeia e criar emprego. Como diz o brasileiro “a coisa está ficando preta” e, no País dos brandos costumes onde 2 milhões são reformados com a reforma mínima, outros 2 milhões recebem o salário mínimo e ainda mais 2 milhões se governam à média de 500 euros/mês, vamos vendo um oásis de ricos e novos ricos num deserto de pobres e novos pobres, onde a classe média está completamente individada e à beira da ruptura. Inverter a situação é de toda a conveniência e a urgência da situação determina que se apele ao poder para olhar para esta pertinente questão, caso contrário é muito possível que mais dia menos dia os 4 milhões de activos não consigam segurar esta “coisa” toda. Tal qual as “coisas” estão, se não houver o tino necessário para agarrar todas as pontas, o País pode entrar num curto espaço de tempo em completo desnorte e quando houver fome não se admirem que a crise chegue às ruas nas suas mais diversas formas de manifestação...