01/04/2006

Joe Berardo pressionou e o Governo cedeu

Em Agosto de 2005 estava eu em pleno gozo das minhas habituais férias anuais no Algarve, comprei uma edição da revista Visão que por acaso me chamou atenção e guardei até hoje (tenho-a aqui á minha frente neste momento), por trazer na capa e posteriormente no interior uma fotografia de Joe Berardo com uma grande entrevista em jeito de pressão ao actual Governo. Então a revista dizia o seguinte:
"Por burocracia, sonolência governamental, inépcia, filosofia de deixa andar e logo se vê, a importante colecção de arte que Joe Berardo tem vindo a adquirir está em vias de ir parar a França. Portugal não consegue (desde há cinco anos!) arranjar um local para ela. Tendo isto em mente, os ministros da Cultura e dos Negócios Estrangeiros do governo francês convidaram Joe Berardo a deslocar-se a Paris na primeira semana deste mês para, em conjunto, lhe proporem duas localizações para instalar as suas obras: uma ilha no Sena, perto de Paris, ou a cidade de Toulouse. Berardo ficou, obviamente, agradado com as propostas. Mas os franceses fizeram mais. Na última quarta-feira, na sua embaixada em Lisboa, impuseram ao homem de negócios português as insígnias de Chevalier de la Légion d'Honneur. E, na cerimónia, anunciaram que na exposição que marcará a reabertura do Grand Palais em Paris, em Junho de 2006, haverá um núcleo de obras de grande vulto da colecção Berardo." Ora, perante isto, Joe Berardo começa a jogar com o Governo Português: "Óh os meus amigos me deixam instalar a minha colecção no Centro Cultural de Belém, ou vai tudo para França...". Posteriormente a este pedido o ministro da cultura reuniu com Joe e propôs-lhe alternativas, no género: "ou vais para estes locais ou não vais para lado nenhum, porque o CCB não pode ser um depositário de colecções de ninguém..." A polémica Joe versus Governo lá se foi desenrolando e hoje leio que a colecção de Joe Berardo vai mesmo para o CCB o que me leva a pensar que afinal o método mais eficaz para negociar com este Governo é mesmo utilizando a pressão, é que, olhando ao recente caso da PJ e agora ao caso Berardo que vai assinar o protocolo na próxima semana, é caso para dizer que este Governo tem medo de tocar nos poderes instalados e recua no momento de tomar as decisões o que deixa transparecer para a opinião pública uma certa fragilidade e algum receio nada bons, no actual momento de crise que o País atravessa que precisa é de tomadas de posição fortes.

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