28/06/2007

Compreender os impactes do envelhecimento - III

Segundo previsões médias das Nações Unidas, até 2050, os países da Europa do sul, com a excepção de Portugal, deverão apresentar as mais altas proporções de pessoas com 65 e mais anos (Desesquelles, 1998). Esta evolução pode ser avaliada a partir dos seguintes exemplos: a Suécia, que tem uma estrutura etária já bastante envelhecida — 17,3% de pessoas acima dos 65 anos —, em 2050 aumentará essa proporção para 22,4%. Por seu lado, a Itália e a Espanha que, em 1995, partem com níveis de 15% e 16%, atingirão 35,7% e 34,6%, respectivamente, em 2050. O acentuado desequilíbrio dos países do sul deve-se aos baixos níveis atingidos pela fecundidade no presente, apesar de a construção dos cenários publicados pelas Nações Unidas se basear na hipótese positiva da subida da fecundidade até ao nível de substituição das gerações. Entre os países desenvolvidos, a Itália, a Espanha, o Japão e a Grécia virão a ser, provavelmente, as nações mais velhas, com proporções de idosos acima dos 30%. Segundo as mesmas fontes, em alguns destes países, a população com mais de 85 anos aumentará para mais do dobro, no mesmo período (FNUAP, 1998). Em suma, no que respeita aos comportamentos demográficos relativos à natalidade, mortalidade e movimentos migratórios, as sociedades tradicionais e as sociedades modernas representam "tipos ideais" contrapostos, isto é, elevados níveis de mortalidade e de natalidade e estruturas demográficas jovens, opõem-se hoje a baixos níveis de mortalidade e natalidade e estruturas demográficas envelhecidas. Foi especialmente ao longo das últimas quatro décadas que os progressos foram mais espectaculares e que estas distinções se acentuaram. As probabilidades de morte na infância e na adolescência baixaram a ponto de se tornarem imperceptíveis pela estatística. A mortalidade concentra-se agora nas idades avançadas. Uma tal evolução contribui duplamente para empolar o envelhecimento: há mais gente a sobreviver e aumentou o termo final de vida média. O envelhecimento demográfico é também a característica dominante da população portuguesa. Uma avaliação numérica deste processo pode ser retirada das seguintes comparações: em 1900, apenas 5,7% da população total tinha mais de 65 anos. Em 1950 esta proporção aumentou ligeiramente para 7% e presentemente a proporção praticamente duplicou para 14%. Esta diferença, proporcional do início para o final do século, representa, em termos absolutos, que o número de homens cuja idade ultrapassa os 65 anos foi multiplicado por 4,5 e o das mulheres por 5,0. Por cada 100 homens desta idade, em 1900, encontramos 455, em 1999. Do mesmo modo, a cada 100 mulheres, nessa data, correspondem agora 500 (Fernandes, 1997).
(continua...)

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