13/07/2008

Entrevista com...João Tilly

ENTREVISTA EXCLUSIVA


Luis Silva (LS) – O que o levou a criar um blogue?
João Tilly (JT) - Nem sei. A necessidade de publicar as minhas ideias, não, concerteza. Era editor do Porta da Estrela Online, colocava notícias novas todos os dias e comentava a actualidade política local da forma que queria, tanto em papel como no Online. Escrevia para o Independente, para o Expresso, para o DN, para o JN (o artigo que escrevi sobre o velho Hospital de Seia denominado «a dança macabra das ambulâncias» acabou por acontecer com o meu Pai 6 meses após…). Acho que foi o meu irmão que me disse que havia para aí uma coisa nova que eram os blogs… (2003)

LS – Considera que Seia é hoje mais divulgada a nível nacional e internacional devido á existência dos blogues que por cá proliferam?
JT
- Também é divulgada através dos blogs. Os jornais produzem hoje uma informação muito “seleccionada”, vá-se lá saber porquê. Basta referir a vaga avassaladora de assaltos que todos os dias acontecem, desde há meses, sem que haja um reflexozinho no jornal.
Foi preciso assaltarem a mãe do director de um deles para haver uma breve referência a isso.

LS – O que faz falta no concelho de Seia?
JT - Gente com ideias. Tout court. Sem isso não vale a pena falar do resto.

LS – Sendo uma região eminentemente turística o que faz falta á Serra da Estrela para de uma vez por todas ser vista como prioridade de investimentos nesta área?
JT - Mas não é verdade. Poderia e deveria sê-lo mas não é. É uma região eminemente… incaracterística. Do lado de lá ainda há qualquer coisinha, mas do lado de cá não há nada. Tudo muito amador. Basta sair daqui (Espanha, Andorra, França, Áustria, Finlândia), para comparar. Mas nunca há comparação. Estamos a anos-luz de distância. E era só copiar as coisas boas, já que as más são fáceis de copiar e nem é preciso, porque com o tempo todas cá vêm parar… Falta visão a quem tem decidido, arrojo à iniciativa privada e qualidade em quem devia fazer oposição ao marasmo em que Seia esteve mergulhada mais de uma década, enquanto a Covilhã trabalhou todos os dias. O resultado está à vista. As únicas pistas de ski estão em Seia (Loriga) mas são exploradas pelo lado de lá… Aqui há 1 hotel, lá há 6. E não vale a pena fazer mais comparações.

LSAcha que faz falta um festival de música nesta região à imagem do que acontece nesta altura do ano noutras localidades?
JT - Já acreditei, há 30 anos. Era músico e tocava em bandas que eram convidadas para esses festivais. Quando só havia o Só Rock, em Coimbra e o Vilar de Mouros. Cheguei a pensar em constituir uma empresa promotora de espectáculos para fazer um mega festival Rock na Santa Eufémia de Paranhos (mais uma super ideia de borla…) Agora já não. É inconsequente para o Concelho e dará sempre maior prejuízo que lucro. Tinha que ser uma coisa muito bem pensada. Nada na onda estupidificante de um Super Bock, Super Rock, que isso só serve para se consumirem umas toneladas de cerveja e se fumarem umas arrobas de “rosmaninho” nas barbas da polícia e mais nada. Não presta para nada, isso. Nada se ganha. E está mal informado. Já tivemos festivais até na zona paradisíaca da Sra do Desterro, com os GNR. Mas também já ninguém se lembra disso. O que é que se ganha com essas coisas, afinal? Ainda por cima dariam prejuízo, e não seria pouco, porque não há sponsors para um festival em Seia. Só quem não perceba nada de organização de mega-eventos pode pensar nisso, nos dias que correm.

LS – Ao nível político. Enquanto deputado municipal acha que o concelho está a ter o desenvolvimento que deve ter, ou, há mais para fazer e o quê?
JT
- O concelho está a desertificar a olhos vistos. Uma emigração como não se via desde os anos 60 e ninguém fala nisso. Há quase tudo para fazer. Remeto-o para a minha moção de estratégia de 2007. Está tão actual como no ano passado. Isso já diz tudo. O Executivo acordou, finalmente, para a necessidade de abanar o que resta antes que não reste nada. Espero que a tempo. Em Gouveia, Mangualde, Nelas, Fornos e Celorico, por exemplo, penso que já não se foi a tempo. Em Seia, estaremos no limite. Ou ligeiramente após o ponto de não retorno.

LS – Considera este modelo de FIAGRIS o mais adequado?
JT
- Não. Já o disse na AM. Os expositores devem poder ser visitados de borla. Só se deve pagar os espectáculos, nada mais. Estou farto de dizer isso. Pagar para se ver quem paga para lá estar é, no mínimo, pouco inteligente. Mas penso que isso vai mudar, porque de cada vez que eu denuncio uma evidência ela acaba por mudar… 2 anos depois. Nem o nome faz sentido porque a feira já não é industrial e muito menos agrícola. Aquilo é um pretexto para as pessoas se encontrarem e confraternizarem e isso é positivo. Mas não era preciso que se cobrasse um bilhete para a socialização.

LS – Porque decidiu ser candidato à Concelhia do PSD de Seia?
JT - Não decidi. Fui “obrigado” por alguém a quem não posso dizer que não. Dizer outra coisa seria mentir e armar-me em pedante. E isso não sou. Gordo e careca, sim. Estúpido, penso que será unânime que eu não serei.
Espero bem que apareça depressa a lista do “sistema” para que eu leve uma grande abada e possa prosseguir a minha vidinha em paz. Com as minhas aulas e os meus filmes… e sempre a malhar no Sócras, pois claro!

LS – Por último. Quais os seus blogues de referência? Porquê?
JT
- Não tenho tempo para ler blogs, meu Caro. Antigamente ainda lia alguns. O Pacheco Pereira… Hoje não tenho tempo nem para corrigir os meus textos que escrevo sempre ao correr da pena, tal como estou a fazer agora.

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