Autor do blogue: http://seiaportugal.blogspot.com
Luis Silva (LS) – O que o levou a criar um blogue?
Mário Jorge Branquinho (MJB) - O que me levou a criar um blogue foi a ideia e o desejo de poder ter um lugar, uma tribuna onde pudesse explanar as minhas ideias e reflexões sobre o concelho de Seia. Sempre fui uma pessoa da comunicação e há uns tempos para cá, fazia-me falta um espaço para falar. No tempo em que havia rádio em Seia, fazia “o gosto à língua” e falava. Depois, deixou de haver antena, lamentavelmente o concelho continua a não ter força para ter de novo uma rádio, então temos de deitar mão a novos instrumentos, nos quais se enquadra a filosofia dos blog’s. Além do mais, não gosto de estar parado e acho que faz falta em Seia, suscitar o debate, desafiar as pessoas, criar um certo desassossego, de forma saudável, sem cair na tentação do “vale tudo”.
LS – Considera que Seia é hoje mais divulgada a nível nacional e internacional devido á existência dos blogues que por cá proliferam?
MJB - Julgo que sim. Há emigrantes nossos espalhados pelo mundo que vêm beber informação aos blogues de cá.
LS – O que faz falta no concelho de Seia?
MJB - Esta é uma pergunta forte que daria para uma resposta imensa. Todavia e de forma abreviada diria que, apesar do muito que tem sido feito, faz falta, em primeiro lugar, uma nova consciencialização colectiva que ajude a derrubar muros de marasmo e que ao mesmo tempo ajude a erguer uma frente comum de progresso, aberta e partilhada por vários agentes. Apesar da conjuntura actual ser extremamente difícil, importa apostar no sector económico, daí a necessidade de se criar, desde logo um Conselho Económico e Social, onde se juntem os vários intervenientes do sector e se tracem metas e definem objectivos, para se juntar energias, de modo a caminharmos todos no mesmo sentido. O mundo moderno não se compadece com medidas avulsas. Desde a primeira hora que estou na Assembleia Municipal que defendo esta ideia assente no planeamento estratégico para o sector económico, onde o empreendedorismo tem um papel preponderante, a par da necessidade de criação de Polos de Desenvolvimento Locais nas freguesias, além, claro, das vias de comunicação para nos desencravar do beco em que estamos.
Agora e mais recentemente, fruto das insistências quer do Presidente da Câmara, quer dos demais agentes locais, já temos novidades relativamente às vias de comunicação, por isso, resta-nos aguardar, sem nos retirarmos do combate.
LS – Sendo uma região eminentemente turística o que faz falta á Serra da Estrela para de uma vez por todas ser vista como prioridade de investimentos nesta área?
MJB - Estão a ser feitos alguns investimentos, mas são necessários mais. São urgentes as vias de comunicação e acima de tudo uma estratégia comum de promoção regional. Fizeram-se muitos estudos e planos regionais para este sector, mas ficaram todos na gaveta!
Seia já é hoje uma referência nacional e internacional pela valorização dos seus produtos locais, como sejam o queijo, o mel, o vinho e o pão, mas teremos de tirar partido de outros “nichos” do mercado turístico. O eixo da Ponte do Mondego até à Torre, que podia ser um filão para o concelho, tem estado ao longo dos últimos 30 anos entregue à sorte e ao investimento louvável mas desordenado de pessoas originarias do sector secundário. A Estrada Nacional 339 tem dado uma imagem de 3º mundo e só agora são anunciadas remodelações.
O património histórico do concelho devia ser mais valorizado e a aposta no sector cultural está “condenada” a ser definitiva e seriamente “rematada” num grande projecto global, para atrair pessoas, gerar riqueza e permitir o retorno do investimento feito.
LS – Acha que faz falta um festival de música nesta região à imagem do que acontece nesta altura do ano noutras localidades? Se sim, porque considera que nunca se realizou nenhum?
MJB - Não acho que faça falta. Seia tem vários festivais e muitos eventos. Alguns deles poderão estar a chegar à fase de ter que dar o salto ou terminar. É uma avaliação profunda que tem de fazer-se nos próximos tempos. Pode concluir-se que se pode fazer menos, mas melhor, com maior projecção e mais impacto, embora trabalhar nesta área no interior do país, como se sabe é quase um acto heróico.
LS – Ao nível político. Enquanto deputado municipal acha que o concelho está a ter o desenvolvimento que deve ter? ou, há mais para fazer e o quê?
MJB - Ao nível político, o concelho de Seia tem vindo a evoluir positivamente, com os condicionalismos próprios da conjuntura altamente desfavorável que vive o país, a Europa e o mundo. Contudo, entendo que nos aproximamos de um tempo de mudanças, novo fôlego e novas gerações políticas para dar continuidade a um trabalho autárquico que tem sido marcadamente personalista. O concelho de Seia tem muitas potencialidades e muitos agentes disponíveis para ajudar no processo de desenvolvimento que se tem vindo a operar. Ou seja, com as vias de comunicação concretizadas, o hospital e todo um conjunto de infra-estruturas culturais, sociais e económicas, julgo que se abrirá dentro de pouco tempo uma nova frente de desenvolvimento, apostada no imaterial. Aí prevalecerão as políticas sociais, culturais e turísticas, por isso encaro o futuro com optimismo.
LS – Considera este modelo de FIAGRIS o mais adequado?
MJB - A Fiagris tem que mudar, porque mudou tudo à volta e os pressupostos da sua organização não evoluíram. A Fiagris tem de ser sempre a Festa do povo, mas não tem necessariamente de ser a Feira de poucas vendas. As associações comerciais e empresariais é que terão de organizar-se e em conjunto com a Câmara definir modelos de feiras, grandes ou pequenas, sectoriais ou não, para fazer ao longo do ano. Também aqui, a questão da requalificação da baixa de Seia e da mudança do local da feira serão fundamentais no quadro de remodelação da Fiagris. Por outro lado, julgo que se deve introduzir no debate político senense a questão da construção ou não de um pavilhão multiusos – publico / privado no actual largo da feira. Uma estrutura desta natureza, semelhante há que há por exemplo no Fundão ou em Trancoso, em pleno centro urbano, fará todo o sentido para dinamizar o tecido económico e de lazer da cidade. Quanto a custos, pode haver formas de se cativarem privados, bem como elaborar candidaturas ao QREN.
LS– Enquanto homem da rádio e homem da imprensa escrita, pergunto-lhe: Faz falta uma rádio em Seia? Porquê?
MJB - Julgo que a Rádio de Seia faz falta. Faz falta para o debate, para a reflexão de ideias e até para aproximar o poder autárquico das populações. É evidente que há os jornais locais e a internet, mas esses não substituem a rádio, que é um órgão do povo que permite acesso privilegiado e democratizado à informação. É um serviço público local que está ausente.
LS – Por último. Quais os seus blogues de referência? Porquê?
MJB - Não tenho grandes predilecções, mas no essencial, os que consulto mais, são os que constam no meu blogue.
Mário Jorge Branquinho (MJB) - O que me levou a criar um blogue foi a ideia e o desejo de poder ter um lugar, uma tribuna onde pudesse explanar as minhas ideias e reflexões sobre o concelho de Seia. Sempre fui uma pessoa da comunicação e há uns tempos para cá, fazia-me falta um espaço para falar. No tempo em que havia rádio em Seia, fazia “o gosto à língua” e falava. Depois, deixou de haver antena, lamentavelmente o concelho continua a não ter força para ter de novo uma rádio, então temos de deitar mão a novos instrumentos, nos quais se enquadra a filosofia dos blog’s. Além do mais, não gosto de estar parado e acho que faz falta em Seia, suscitar o debate, desafiar as pessoas, criar um certo desassossego, de forma saudável, sem cair na tentação do “vale tudo”.
LS – Considera que Seia é hoje mais divulgada a nível nacional e internacional devido á existência dos blogues que por cá proliferam?
MJB - Julgo que sim. Há emigrantes nossos espalhados pelo mundo que vêm beber informação aos blogues de cá.
LS – O que faz falta no concelho de Seia?
MJB - Esta é uma pergunta forte que daria para uma resposta imensa. Todavia e de forma abreviada diria que, apesar do muito que tem sido feito, faz falta, em primeiro lugar, uma nova consciencialização colectiva que ajude a derrubar muros de marasmo e que ao mesmo tempo ajude a erguer uma frente comum de progresso, aberta e partilhada por vários agentes. Apesar da conjuntura actual ser extremamente difícil, importa apostar no sector económico, daí a necessidade de se criar, desde logo um Conselho Económico e Social, onde se juntem os vários intervenientes do sector e se tracem metas e definem objectivos, para se juntar energias, de modo a caminharmos todos no mesmo sentido. O mundo moderno não se compadece com medidas avulsas. Desde a primeira hora que estou na Assembleia Municipal que defendo esta ideia assente no planeamento estratégico para o sector económico, onde o empreendedorismo tem um papel preponderante, a par da necessidade de criação de Polos de Desenvolvimento Locais nas freguesias, além, claro, das vias de comunicação para nos desencravar do beco em que estamos.
Agora e mais recentemente, fruto das insistências quer do Presidente da Câmara, quer dos demais agentes locais, já temos novidades relativamente às vias de comunicação, por isso, resta-nos aguardar, sem nos retirarmos do combate.
LS – Sendo uma região eminentemente turística o que faz falta á Serra da Estrela para de uma vez por todas ser vista como prioridade de investimentos nesta área?
MJB - Estão a ser feitos alguns investimentos, mas são necessários mais. São urgentes as vias de comunicação e acima de tudo uma estratégia comum de promoção regional. Fizeram-se muitos estudos e planos regionais para este sector, mas ficaram todos na gaveta!
Seia já é hoje uma referência nacional e internacional pela valorização dos seus produtos locais, como sejam o queijo, o mel, o vinho e o pão, mas teremos de tirar partido de outros “nichos” do mercado turístico. O eixo da Ponte do Mondego até à Torre, que podia ser um filão para o concelho, tem estado ao longo dos últimos 30 anos entregue à sorte e ao investimento louvável mas desordenado de pessoas originarias do sector secundário. A Estrada Nacional 339 tem dado uma imagem de 3º mundo e só agora são anunciadas remodelações.
O património histórico do concelho devia ser mais valorizado e a aposta no sector cultural está “condenada” a ser definitiva e seriamente “rematada” num grande projecto global, para atrair pessoas, gerar riqueza e permitir o retorno do investimento feito.
LS – Acha que faz falta um festival de música nesta região à imagem do que acontece nesta altura do ano noutras localidades? Se sim, porque considera que nunca se realizou nenhum?
MJB - Não acho que faça falta. Seia tem vários festivais e muitos eventos. Alguns deles poderão estar a chegar à fase de ter que dar o salto ou terminar. É uma avaliação profunda que tem de fazer-se nos próximos tempos. Pode concluir-se que se pode fazer menos, mas melhor, com maior projecção e mais impacto, embora trabalhar nesta área no interior do país, como se sabe é quase um acto heróico.
LS – Ao nível político. Enquanto deputado municipal acha que o concelho está a ter o desenvolvimento que deve ter? ou, há mais para fazer e o quê?
MJB - Ao nível político, o concelho de Seia tem vindo a evoluir positivamente, com os condicionalismos próprios da conjuntura altamente desfavorável que vive o país, a Europa e o mundo. Contudo, entendo que nos aproximamos de um tempo de mudanças, novo fôlego e novas gerações políticas para dar continuidade a um trabalho autárquico que tem sido marcadamente personalista. O concelho de Seia tem muitas potencialidades e muitos agentes disponíveis para ajudar no processo de desenvolvimento que se tem vindo a operar. Ou seja, com as vias de comunicação concretizadas, o hospital e todo um conjunto de infra-estruturas culturais, sociais e económicas, julgo que se abrirá dentro de pouco tempo uma nova frente de desenvolvimento, apostada no imaterial. Aí prevalecerão as políticas sociais, culturais e turísticas, por isso encaro o futuro com optimismo.
LS – Considera este modelo de FIAGRIS o mais adequado?
MJB - A Fiagris tem que mudar, porque mudou tudo à volta e os pressupostos da sua organização não evoluíram. A Fiagris tem de ser sempre a Festa do povo, mas não tem necessariamente de ser a Feira de poucas vendas. As associações comerciais e empresariais é que terão de organizar-se e em conjunto com a Câmara definir modelos de feiras, grandes ou pequenas, sectoriais ou não, para fazer ao longo do ano. Também aqui, a questão da requalificação da baixa de Seia e da mudança do local da feira serão fundamentais no quadro de remodelação da Fiagris. Por outro lado, julgo que se deve introduzir no debate político senense a questão da construção ou não de um pavilhão multiusos – publico / privado no actual largo da feira. Uma estrutura desta natureza, semelhante há que há por exemplo no Fundão ou em Trancoso, em pleno centro urbano, fará todo o sentido para dinamizar o tecido económico e de lazer da cidade. Quanto a custos, pode haver formas de se cativarem privados, bem como elaborar candidaturas ao QREN.
LS– Enquanto homem da rádio e homem da imprensa escrita, pergunto-lhe: Faz falta uma rádio em Seia? Porquê?
MJB - Julgo que a Rádio de Seia faz falta. Faz falta para o debate, para a reflexão de ideias e até para aproximar o poder autárquico das populações. É evidente que há os jornais locais e a internet, mas esses não substituem a rádio, que é um órgão do povo que permite acesso privilegiado e democratizado à informação. É um serviço público local que está ausente.
LS – Por último. Quais os seus blogues de referência? Porquê?
MJB - Não tenho grandes predilecções, mas no essencial, os que consulto mais, são os que constam no meu blogue.
6 comentários:
Excelente blogue!
Toda a gente diz que o modelo da FIAGRIS tem de mudar mas não o fazem. Porquê? Mude-se desde logo o nome é que se lerem bem as siglas e a designação, podem ver que já não bate a bota com a perdigota há muitos anos. Vamos voltar a ter barraquinhas de artesanato que já ninguém liga e vamos voltar a ter churros e farturas para juntar ao algodão doce.
Caro Luis, parabens pela ideia das entrevistas, só queria deixar aqui um pequeno reparo á excelente imagem que está no topo, deveria ser um pouco reduzida, a sua grandeza não se mede pelo tamanho mas sim pela sua beleza.
Diasnet
Caro Diasnet prepare-se que vai ser um dos entrevistados:)quanto á fotografia logo que tenha um bocadito de tempo darei um arranjo.abraço
Finalmente podemos ler o que pensam os nossos responsáveis do concelho sobre determinadas matérias.É certo que as acessibilidades são uma grande força para Seia e o seu concelho mas não se esqueçam quanto melhor forem mais rapidamente se pode sair de cá também para outros sitios.Um abraço e parabéns pela iniciativa das entrevistas on line.José Carlos Gomes (Senense em Setúbal)
finalmente ,eu pude ler o que se passa na industria de o conselho no site beirala.blogs.sapo.pt
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