21/07/2008

Entrevista com...Paulo Cardoso

ENTREVISTA EXCLUSIVA

SANTIAGO em análise


Luis Silva (LS) – O que o levou a criar um blogue?
Paulo Cardoso (PC) -
Eu criei o meu blogue com os seguintes objectivos: divulgar aquilo que penso, o que sinto, o que mais me intriga, aquilo que me dá gozo … às outras pessoas ao consultarem a minha página na Internet. Um blogue funciona como um diário, mas com um sentido inverso aos tradicionais diários escritos no papel de antigamente. Agora os diários digitais (blogues) são de consulta aberta, onde pode existir um diálogo entre autor e leitor.
LS – Considera que o Concelho de Seia em geral e Santiago em particular é hoje mais divulgado a nível nacional e internacional devido á existência dos blogues que por cá proliferam?
PC -
Sim. Este é um dos muitos aspectos positivos que os blogues possuem. Em qualquer parte do mundo podemos obter informação sobre a nossa aldeia, vila ou cidade. Nomeadamente, os emigrantes atenuam um pouco as saudades da sua terra através dos blogues. Quem não é emigrante, seja cidadão estrangeiro ou nacional pode conhecer, virtualmente, uma localidade do concelho e aguçar-lhe o apetite em visitá-la.
LS – O que faz falta no concelho de Seia?
PC -
A nível interno fazem falta alguns “produtos humanos” que divulguem o concelho entre fronteiras regionais: no desporto, na cultura, na sociedade. Por exemplo, não temos uma equipa de futebol ou de outra modalidade desportiva que desse cartas pelo país fora. Na cultura e na sociedade em geral não têm aparecido muitas personalidades, que consigam também divulgar o nome Seia. As poucas que existem por vezes esquecem-se das origens. É de suma importância o regresso à antena de uma rádio local, para dar voz aos munícipes e divulgar a região. Criação da casa do concelho de Seia na principal cidade do país – Lisboa, assim como, naquelas em que estão geminadas.
LS – Sendo uma região eminentemente turística o que faz falta á Serra da Estrela para de uma vez por todas ser vista como prioridade de investimentos nesta área?

PC - A nível turístico o nosso prato forte é a neve, mas ultimamente as alterações climatéricas não nos têm ajudado. Agora são curtos os períodos de neve na Torre. Por isso temos de apostar no turismo rural, de habitação recuperando-se por exemplo, casas antigas que se encontram abandonadas, aliado às belas paisagens naturais da Serra da Estrela. Ela dá-nos muito também nos meses de Verão. O Parque Natural da Serra da Estrela tem de divulgar mais o seu espaço com campanhas publicitárias, divulgando acções de sensibilização, sobre a água, a fauna e flora, caminhadas, etc. como se faz em Espanha.
LS – O que pode o visitante encontrar em Santiago?
PC -
A simpatia das suas gentes e o bom queijo da serra que por lá ainda se produz. Actividades culturais e artísticas são muito poucas as que se vão realizando. Temos em Janeiro a festa em honra de Santo Amaro com a grandiosa e tradicional fogueira, fenómeno quase único no país devido à sua dimensão. Outra festa religiosa de grande afluência é o Sagrado Coração de Jesus no 1.º Domingo de Setembro que envolve toda a freguesia. O aparecimento do Movimento de Jovens de Santiago foi uma lufada de ar fresco, realizando diferentes tipos de actividades ao longo do ano, dinamizando em muito os fins- de-semana na localidade, conseguindo atrair pessoas de outras terras para se divertirem e passarem bons momentos. Todo o visitante deve deslocar-se à igreja matriz edifício muito belo e deslumbrar-se com a imponente paisagem da Serra da Estrela no mirante de Santo Amaro, junto à capela com o mesmo nome.
LS – O que gostaria de ter em Santiago?
PC -
Santiago sofreu um pouco devido à sua localização no concelho, isto é, a proximidade com a cidade de Seia. Não tem sido vantagem, mas sim desvantagem, no meu ponto de vista. Qualquer necessidade existente as pessoas deslocam-se à sede de concelho. O poder local esqueceu-se um pouco da freguesia durante muitos anos. Não temos uma casa que seja a sede das associações que existiram/existem, onde se possa fazer um baile em condições, convívios, festas ou outros eventos. É necessário também mudança de mentalidades, para se combaterem alguns “Velhos do Restelo”, que funcionam como obstáculos a certas ideias inovadoras que vão aparecendo. É fundamental a conclusão rápida da zona do parque desportivo, para se poder praticar desporto em condições razoáveis.
LS – Vem aí a FIAGRIS. Considera este modelo de FIAGRIS o mais adequado?
PC - Pelo que vou lendo, sei que há muitas pessoas a criticarem este modelo de feira, pois tem pouco de agrícola e de industrial. É mais artesanal e comercial associado à parte dos espectáculos musicais. As pessoas envolvidas na organização saberão concerteza contornar as dificuldades que surgem de ano para ano. Devem ser receptivas às opiniões dos expositores e fazerem um inquérito aos visitantes auscultando-os também. Por exemplo, aqui em Anadia vamos na quinta edição da feira da Vinha e do Vinho (realizada no mês de Junho) e este ano as entradas foram gratuitas. De ano para ano o executivo camarário efectua alterações com vista ao seu melhoramento. Quem queria ia ver os expositores com os seus produtos, outros iam para os restaurantes ou assistir aos espectáculos musicais. Uma sugestão que se podia fazer na Fiagris, tal como se faz aqui em Anadia, durante o certame, todas as freguesias do concelho terem uma barraca para divulgarem o que de melhor têm para oferecer.
LS – Como vê hoje a situação actual de Santiago no panorama local e concelhio?
PC -
O actual presidente tem sido uma personalidade, que abanou um pouco com o marasmo que ia prevalecendo na freguesia. Contudo, há ainda muito trabalho a fazer. A aldeia irá lucrar em muito com a recuperação da zona ribeirinha do rio Seia, ali junto à Ponte de Santiago. É uma oportunidade única que pode trazer turistas à nossa região e dar-lhe mais vivacidade. Já somos, parcialmente, um “dormitório” de Seia, pois muita gente da cidade construiu casa na nossa terra e esta para se expandir ainda mais vai ter de virar-se para o lado de Santiago, não tem outra alternativa.
LS – Por último. Quais os seus blogues de referência? Porquê?
PC -
Existem muitos e bons blogues no concelho de Seia, como o Oceano de Palavras de Luís Silva, o Seia Portugal do Mário Jorge Branquinho, o do João Tilly. Como deve calcular estes são os que mais gosto, cada um com características peculiares. Todos eles têm no entanto uma coisa em comum: falam de Seia, do concelho, dos seus problemas e das suas qualidades. Costumo também dar uma vista de olhos na Bússola, no Abrupto de J.P. Pereira, no Lavandaria de Jorge fiel, que tratam de temas nacionais e internacionais. Gosto de ler igualmente alguns que retratam a Bairrada, dado ser a região onde casei e resido actualmente. Existem outros mais que denuncio no meu blogue.
LS - Obrigado pela participação !!!
PC - Eu é que agradeço o convite e desafio que me foi proporcionado.
Um abraço.
Paulo Cardoso

Sem comentários: