20/07/2008

Entrevista com...Luis Monteiro

ENTREVISTA EXCLUSIVA



Luis Silva (LS) – O que o levou a criar um blogue?
Luis Monteiro (LM) -
O primeiro blog que criei (em 2005) chamava-se «L&M – um blog sobre tabaco?» e tinha como objectivo ser uma ferramenta de trabalho para a cadeira de Laboratório de Imprensa. Cumpria também a função de diário online. Teve um prazo de validade de cerca de um ano. Este, mais recente, serve para treinar a escrita e dar asas à criatividade. Não tem qualquer propósito político ou social. Se calhar até tem, mas juro que não é de propósito.
LS – É autor de uma tese de final de curso sobre a blogosfera. Fale-nos um pouco de que consta e se há resultados que queira partilhar.
LM -
O meu projecto de final de curso, intitulado «Blogs de Portugal», consiste numa base de dados com 953 entradas onde analisei blogs de Portugal Continental e dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. Os blogs foram ordenados pelas categorias Distrito, Concelho, Localidade, Nome, URL, E-Mail e Keywords (palavras-chave). Depois de analisados os dados, pude concluir que Aveiro era, na altura do estudo (2006), o distrito com maior número de blogs identificados. Este resultado deveu-se, em certa parte, ao excelente portal digital do distrito, que me auxiliou na pesquisa. No que diz respeito a plataformas, a mais utilizada era o Blogger, seguida do Weblog. Generalista, Local e Diário Digital (palavras-chave) foram as categorias com mais entradas. Este resultado a que cheguei, e que responde, em parte, a uma questão feita à frente, fez-me acreditar que as comunidades (no sentido tradicional) parecem estar mais unidas com o auxílio prestado pelos blogs. No âmbito das ciências sociais também concluí que os blogs são uma actualização digital e bidireccional dos media tradicionais, servindo, em muitos casos, como meio difusor de notícias e acontecimentos locais, nacionais e até internacionais. Para a pesquisa foram utilizados motores de busca, sites, portais e, claro, muitas horas de trabalho, com alguma sorte à mistura.
LS – Considera que Seia é hoje mais divulgada a nível nacional e internacional devido á existência dos blogues que por cá proliferam?
LM -
Creio que sim. E não digo isto de ânimo leve. Tive alguns professores universitários que ficaram surpreendidos pela qualidade de alguns blogs de Seia. Chegavam até eles através de hiperligações. Este é apenas um exemplo da visibilidade que Seia passou a ter devido à sua consistente blogosfera.
LS – O que faz falta no concelho de Seia?
LM -
Dinamismo, abertura e alguma liberdade. Mas não quero ser um profeta da desgraça. Também existe muita coisa boa por aqui.
LS– Sendo um profissional na área, como vê a comunicação social no Concelho de Seia?
LM - Actualmente não me considero jornalista. Exerci a profissão durante alguns anos, até enveredar pela comunicação empresarial. Colaborei durante algum tempo com o Porta da Estrela, escrevendo quase sempre sobre cinema. Enviava os textos por e-mail e o editor fazia as alterações que achava necessárias. Nunca trabalhei fisicamente num órgão de comunicação social de Seia. Só posso falar no papel de leitor. Leio com frequência os jornais locais, quase sempre com os olhos de um jornalista. Por vezes detecto alguns erros básicos na forma da escrita dos textos, nos títulos e nos sub-títulos (que são raros), mas compreendo que isso aconteça.
LS – Ao nível político. Qual a sua percepção sobre os partidos políticos em Seia em geral e sobre as juventudes partidárias em particular?
LM - Denota-se claramente alguma falta de dinamismo. Sendo um profissional da comunicação sinto que por estes lados ainda não se dá a devida importância a aspectos básicos ligados à publicidade partidária. Não me refiro apenas a artefactos de propaganda, ou a actos circenses. Faltam reuniões, comícios, e trabalho de rua. É tudo isso que influencia a intenção de voto. Juventudes partidárias?! Onde?!
LS – Vem aí a FIAGRIS. Considera este modelo de FIAGRIS o mais adequado?

LM - Todos deveríamos apoiar a FIAGRIS com o mesmo fulgor com que deveríamos apoiar o Cine-Eco. São produtos da nossa terra e como tal trazem benefícios para todos. Não quero com isto dizer que ambos os modelos são perfeitos. Não são. Por exemplo, no caso da Fiagris, as entradas para o recinto da feira deveriam ser grátis. E porque não contratar uma empresa de organização de eventos para que os actuais responsáveis possam aprender algo mais? A mentalidade dos empresários que exibem os seus produtos também não ajuda. Continuam a pensar que aquele investimento tem que trazer lucro imediato. Isso não acontece em nenhum lado.
LS – Enquanto profissional do jornalismo, pergunto-lhe: Faz falta uma rádio em Seia? Porquê?
LM - Há muita coisa que faz falta em Seia. Uma estação de rádio é apenas uma delas. Embora seja um veículo noticioso que carece de alguma profundidade - tal como os canais de televisão -, as ondas do éter chegam praticamente a todo o lado. E isso é positivo. Muita gente informada é sempre bom. Se calhar alguns não pensam da mesma maneira…
LS – Por último. Quais os seus blogues de referência? Porquê?
LM -
Leio alguns blogs de Seia, tais como o «Civitas Sena», «João Tilly», «Legumes Salteados», «Oceano das Palavras» e o mais recente «Seia Portugal». A nível nacional leio muita coisa - «Blogotinha», «Bomba Inteligente», «Ciberesfera», «Claquete», «E Deus Criou a Mulher», «Em Português Correcto», «Há Vida em Markl», «Industrias Culturais», «Ironia do Destino», «Lauro António Apresenta…», «Movie Pit», «O Jumento», «Pitecos», «Ponte Europa», «Ponto Media», «Sound + Vision»… Há mais, mas estes são os que frequento com mais assiduidade.
Porquê? Por várias razões. Uma delas é porque a escrita e os temas são interessantes.

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