05/07/2008

"Maddie morreu no Algarve"

Justiça.
Arquivamento não choca Gonçalo Amaral
Vários indícios apontam para morte de Maddie, diz Gonçalo Amaral.Tenho a convicção de que Maddie está morta, disse ontem o ex-inspector da Polícia Judiciária, Gonçalo Amaral, durante uma entrevista à TVI. Questionado sobre a existência de provas, refere que esta convicção tem base em indícios testemunhais, documentais e laboratoriais. Na sua opinião, Maddie morreu lá [no Algarve]. Por apurar está a determinação da causa: "acidente, morte natural ou se houve intervenção de terceiros".Quanto à hipótese de arquivamento do processo, manifestou que não o choca. "A interpretação dos indícios é feita à luz do direito. Mas eu penso que o processo pode reabrir e a investigação vai continuar. Essa decisão é do Ministério Público".Em relação à constituição dos pais de Maddie como arguidos, recorda que houve indícios que apontavam para ocultação de cadáver ou simulação de crime. E sublinhou que "a decisão de pronunciar os pais foi colocada pelo Ministério Público".O ex-coordenador da investigação do desaparecimento de Madeleine McCann frisou que "se os próprios pais falaram na hipótese de rapto da criança, é porque esta não estava em segurança", um crime em que a lei portuguesa é mais rígida do que a inglesa. Alertou, porém, que numa investigação todos os indícios são analisados e que só no final se pode determinar se se pode levar alguém a julgamento. "Compreendo onde chega o nosso trabalho e onde pode chegar o dos magistrados".Sobre o seu afastamento do caso, voltou a frisar que não compreendeu a decisão mas que a acatou "como um profissional". Sobre a possível relação do afastamento com as afirmações sobre a polícia britânica, disse que, numa altura em que era preciso determinar onde estaria a menina, a investigação inglesa estava a ser bombardeada com informação muitas vezes especulativa.
Politização
Quando questionado sobre se a politização estaria por trás da reacção do director da PJ, Gonçalo Amaral afirmou que "houve mais política do que polícia no caso Maddie. Estivemos no terreno, fizemos o nosso melhor e fomos alvo de críticas". E acrescentou que nunca sentiu que houve defesa. Apesar de ter perguntado ao director se a investigação continuaria de pé e se se mantinha a confiança, foi surpreendido. E foi alvo de pressões políticas? "Não senti propriamente pressão política. Senti um pontapé no rabo", disse.Este caso é diferente de todos os outros. "Devíamos estar protegidos, ter uma retaguarda que tratasse da informação e lidasse com a imprensa. Ma estávamos envolvidos no meio. Não houve silêncio suficiente para avançar mais rápido".

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