12/11/2005

No social, temos de falar sobre a realidade e não sobre dados de 2001 e outros irreais. É urgente falar verdade

Consumo perigoso de alcool
começa cada vez mais cedo
A faixa etária dos 20 anos é a de maior perigo para o alcoolismo.
De acordo com uma caracterização realizada pelo Centro Regional de Alcoologia do Norte (CRAN), é nesta altura que começam os consumos problemáticos de bebidas alcoólicas que conduzem à dependência. Os hábitos estão a mudar e é cada vez mais o binge drinking que leva os jovens ao alcoolismo - ou seja, quatro ou cinco bebidas, destiladas ou cerveja, numa só ocasião, ao fim-de-semana ou noite, em ambientes de lazer.O momento que coincide com o fim da adolescência e os primeiros anos de universidade é aquele em que os jovens são levados a experimentar de uma forma mais frequente o álcool. "Há os que experimentam e depois os que continuam, particularmente quando tomam contacto com a realidade, com o mundo do emprego", explica Rui Moreira, director do CRAN, que organizou o Encontro Internacional de Alcoologia.A diferença entre os que apenas experimentam e os que se tornam alcoólicos reside em causas complexas, mas a probabilidade da dependência é maior nos jovens que não têm percepção de que o álcool lhes diminui a performance. Estes novos hábitos podem mesmo vir a alterar o que é actualmente o alcoolismo feminino. É que, na faixa etária dos 18 aos 24 anos, 58% dos jovens consomem álcool e quase metade são já raparigas. A idade dos 15 e 16 anos é igualmente muito problemática, com 2% a admitirem que se embriagaram já 20 vezes na vida e uma em cada dez diz também já ter passado pelo binge drinking, pelo menos três vezes no mês anterior. Este é um panorama que altera significativamente o anterior paradigma do consumo entre as mulheres ao fim do dia e às escondidas.E se é na faixa dos 20 anos que começam os consumos problemáticos, a assunção da doença só acontece mais tarde. "Um alcoólico demora cerca 20 anos a fazer-se", explica Rui Moreira. Por isso, a maior parte dos utentes do CRAN tem mais de 36 anos. A caracterização desta população é coincidente com o que é estabelecido em investigações internacionais a de que existe uma relação familiar muito forte no alcoolismo, sobretudo no que diz respeito à dependência nos homens. Dois terços dos utentes do sexo masculino têm antecedentes familiares de alcoolismo, assim como metade das utentes mulheres. Devido a causas genéticas ou por aprendizagem, a explicação para este facto não é ainda bem conhecida, mas é um facto que o filho de um homem alcoólico tem quatro a nove vezes mais risco de vir também a cair na dependência.Outro dado que é destacado na população do CRAN tem a ver com a prevalência de doença psiquiátrica, sobretudo nas mulheres. De facto, dois terços dos utentes do sexo feminino têm problemas de foro mental. "O álcool é visto como um medicamento porque reduz alguns dos sintomas psiquiátricos, nomeadamente em casos de depressão e ansiedade. Pode ser tranquilizador ou induzir um estado de euforia", que responde às queixas apresentadas pelas mulheres.

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