01/10/2005

Infelizmente, o que aconteceu no Hospital Júlio de Matos tem de ser considerado normal

Pode parecer estranho o titulo deste post, mas eu passo a explicar.
Quando no final do meu ultimo ano enquanto estudante universitário me propuseram um estágio curricular de 9 meses no Hospital Psiquiátrico Sobral Cid em Coimbra, desde logo aceitei, até porque poderia ter optado por outra solução, uma vez que pensei para mim mesmo que seria uma mais valia ao nivel da preparação profissional e pessoal. Sem dúvidas que o foi. Além do que aprendi, e da nobre experiência profissional que adquiri, havia situações ao nivel da gestão do Hospital que e ainda hoje nunca entendi muito bem. Pegando no caso que ontem se passou no Hospital Júlio de Matos, em que um homem entrou livremente nas instalações, procurou nos diversos corredores pela sua mulher, ou pelo menos pela mulher com quem tinha alguma relação, dirigindo-se a ela lhe desferiu um tiro de morte veio reavivar-me a memória do que realmente a este nivel se passa nos hospitais gerais e especificamente nos hospitais psiquiátricos. A insegurança que se vive nestas instituições é de um grau elevadissimo. Sendo hospitais de porta aberta, não existem, pelo menos no Sobral Cid, seguranças sejam estatais ou privados. Qualquer pessoa que vá com instintos de praticar o mal, pode livremente entrar, circular e entregar uma arma a um doente e dizer-lhe para matar meia duzia de enfermeiros, médicos ou outros profissionais, que isso é possivel. Como sabem há diversas doenças psiquicas, umas mais controladas que outras, mas é aqui que todos vêm procurar tratamento. Há esquizofrénicos, há doentes compulsivos, há maniaco depressivos, há inimputáveis perigosos, que mesmo com a medicação cometem actos de forma inconsciente, que podem ser mortais. Existe uma grande falha de segurança no sistema hospitalar psiquiátrico no país, falha essa que poderá um dia fazer com que lamentemos a chacina e as mortes que alguém possa vir a cometer devido à sua doença. Ontem morreu uma senhora nas instalações internas do hospital Júlio de Matos, amanhã podem morrer dezenas e depois de quem é a culpa? Antes de terminar esta opinião relembro-me agora que praticamente todos os anos aparece um ou outro caso de doentes que aparecem mortos no rio mondego, tudo isto porque podem circular livremente dentro e fora do perimetro do hospital, porque simplesmente não há um único segurança de vigilância.

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