05/10/2005

5 de Outubro de 1910

Conquistado o poder, o Partido Republicano nomeou um governo provisório, presidido por Teófilo Braga, mas cujos verdadeiros chefes eram os ministros do Interior (António José de Almeida), da Justiça (Afonso Costa) e, um pouco mais tarde, do Fomento (Brito Camacho). Em menos de um ano, o Governo Provisório conseguiu cumprir alguns dos pontos principais do programa republicano, bem como consolidar o novo regime, assegurar a ordem pública interna e alcançar o reconhecimento por parte das potências estrangeiras.

Numa Europa conservadora e predominantemente monárquica, a posição da República Portuguesa apresentava-se plena de dificuldades e de perigos. Isto explica a preocupação de «ordem» e de tolerância que, acima de tudo, norteou os esforços dos governantes, travando iniciativas de tipo revolucionário, sobretudo no domínio social e alienando, ipso facto, as simpatias de muitos fautores da República, mormente entre as classes trabalhadoras.

Entre os republicanos, as rivalidades e as lutes não tardaram a surgir Nas eleições presidenciais que se seguiram à votação da Constituição, os partidários de Ant6nio José de Almeida e de Brito Camacho fizeram eleger o advogado e velho republicano Manuel de Arriaga contra Bernardino Machado, o candidato de Afonso Costa. Até Janeiro de 1913, o País foi governado por ministérios de coligação, com maiorias de almeidistas e de camachistas. O novo regime foi, a pouco e pouco, aumentando o seu apoio nacional. Várias conspirações monárquicas e tentativas de fomentar uma guerra civil e o regresso do rei fracassaram por completo. Em Janeiro de 1913, 0 presidente Arriaga chamou ao poder Afonso Costa que constituiu um gabinete democrático, no poder durante um ano e legislando intensamente, sobretudo no campo das finanças. Mas se Afonso Costa e o seu Partido Democrático conheceram um aumento de prestigio e de popularidade entre a pequena e a média burguesia, perderam-nos, contudo, no seio de grande parte do operariado urbano, cujas manifestações reprimiram. Outro tanto sucedeu junto dos monárquicos, da Igreja e das classes superiores, impedidos de levar a efeito conspirações e intentonas revolucionárias mercê da prevenção da autoridade.

Questões menores, o robustecimento da oposição ao governo e a intervenção directa do Presidente Arriaga, que ansiava por um gabinete de conciliação, levaram à demissão de Afonso Costa, e à chamada ao poder de Bernardino Machado (Fevereiro de 1914). Mas, até Janeiro de 1915, o Partido Democrático continuou, para todos os efeitos, no poder. No entretanto, eclodira a primeira Guerra Mundial. Interesse nacional, interesse colonial e interesse republicano apontavam para a intervenção na guerra, no que concordavam Democráticos e Evolucionistas de António José de Almeida. Já os Unionistas de Brito Camacho e com eles muitos monárquicos e clericais, pensavam o contrário ou, pelo menos, queriam esperar por uma melhor compreensão do desenlace do conflito. O governo mostrou, contudo, a intenção de intervir se e quando a Inglaterra o necessitasse. Alarmado com a virulência da luta política, o Presidente Arriaga provocou a demissão do governo e confiou o poder ao general Pimenta de Castro, com o objectivo de pacificar a nação. A política de guerra foi praticamente esquecida, as perseguições contra os monárquicos e a Igreja interrompidas (com reintegração de oficialidade e de funcionalismo civil), mas iniciada uma perseguição ou discriminação contra os Democráticos. Em Março, o governo entrou, para todos os efeitos, em ditadura. Mas em 14 de Maio de 1915 uma revolução em Lisboa conseguiu derrubar o governo e instalar, de novo, os Democráticos no poder. Arriaga demitiu-se, sendo substituído por Teófilo Braga. Em Agosto, Bernardino Machado obteve a eleição para Presidente da República para o quadriénio de 1915-1919.

Afonso Costa foi novamente chamado ao poder. Nos começos de 1916, crescentes dificuldades com a obtenção de transportes marítimos levaram a Grã-Bretanha a solicitar de Portugal que requisitasse os navios mercantes alemães refugiados em portos portugueses. A resposta foi a declaração de guerra por parte da Alemanha (9 de Março). Democráticos e Evolucionistas assentaram na constituição de uma «União Sagrada», cedendo Afonso Costa a presidência do ministério a António José de Almeida, e retendo apenas a pasta das Finanças. Para efeitos práticos, os Democráticos continuaram a controlar a situação. Um ano mais tarde, os Evolucionistas deixaram o governo, reassumindo Afonso Costa a presidência. Os anos de 1920 e de 1921, em Portugal como noutros Países da Europa, caracterizaram-se por situações instáveis e conturbadas. Conquistado o poder, o Partido Republicano nomeou um governo provisório, presidido por Teófilo Braga, mas cujos verdadeiros chefes eram os ministros do Interior (António José de Almeida), da Justiça (Afonso Costa) e, um pouco mais tarde, do Fomento (Brito Camacho). Em menos de um ano, o Governo Provisório conseguiu cumprir alguns dos pontos principais do programa republicano, bem como consolidar o novo regime, assegurar a ordem pública interna e alcançar o reconhecimento por parte das potências estrangeiras. Numa Europa conservadora e predominantemente monárquica, a posição da República Portuguesa apresentava-se plena de dificuldades e de perigos. Isto explica a preocupação de «ordem» e de tolerância que, acima de tudo, norteou os esforços dos governantes, travando iniciativas de tipo revolucionário, sobretudo no domínio social e alienando, ipso facto, as simpatias de muitos fautores da República, mormente entre as classes trabalhadoras. Entre os republicanos, as rivalidades e as lutes não tardaram a surgir Nas eleições presidenciais que se seguiram à votação da Constituição, os partidários de Ant6nio José de Almeida e de Brito Camacho fizeram eleger o advogado e velho republicano Manuel de Arriaga contra Bernardino Machado, o candidato de Afonso Costa. Até Janeiro de 1913, o País foi governado por ministérios de coligação, com maiorias de almeidistas e de camachistas. O novo regime foi, a pouco e pouco, aumentando o seu apoio nacional. Várias conspirações monárquicas e tentativas de fomentar uma guerra civil e o regresso do rei fracassaram por completo. Em Janeiro de 1913, 0 presidente Arriaga chamou ao poder Afonso Costa que constituiu um gabinete democrático, no poder durante um ano e legislando intensamente, sobretudo no campo das finanças. Mas se Afonso Costa e o seu Partido Democrático conheceram um aumento de prestigio e de popularidade entre a pequena e a média burguesia, perderam-nos, contudo, no seio de grande parte do operariado urbano, cujas manifestações reprimiram. Outro tanto sucedeu junto dos monárquicos, da Igreja e das classes superiores, impedidos de levar a efeito conspirações e intentonas revolucionárias mercê da prevenção da autoridade. Questões menores, o robustecimento da oposição ao governo e a intervenção directa do Presidente Arriaga, que ansiava por um gabinete de conciliação, levaram à demissão de Afonso Costa, e à chamada ao poder de Bernardino Machado (Fevereiro de 1914). Mas, até Janeiro de 1915, o Partido Democrático continuou, para todos os efeitos, no poder. No entretanto, eclodira a primeira Guerra Mundial. Interesse nacional, interesse colonial e interesse republicano apontavam para a intervenção na guerra, no que concordavam Democráticos e Evolucionistas de António José de Almeida. Já os Unionistas de Brito Camacho e com eles muitos monárquicos e clericais, pensavam o contrário ou, pelo menos, queriam esperar por uma melhor compreensão do desenlace do conflito.

O governo mostrou, contudo, a intenção de intervir se e quando a Inglaterra o necessitasse. Alarmado com a virulência da luta política, o Presidente Arriaga provocou a demissão do governo e confiou o poder ao general Pimenta de Castro, com o objectivo de pacificar a nação. A política de guerra foi praticamente esquecida, as perseguições contra os monárquicos e a Igreja interrompidas (com reintegração de oficialidade e de funcionalismo civil), mas iniciada uma perseguição ou discriminação contra os Democráticos. Em Março, o governo entrou, para todos os efeitos, em ditadura. Mas em 14 de Maio de 1915 uma revolução em Lisboa conseguiu derrubar o governo e instalar, de novo, os Democráticos no poder. Arriaga demitiu-se, sendo substituído por Teófilo Braga. Em Agosto, Bernardino Machado obteve a eleição para Presidente da República para o quadriénio de 1915-1919. Afonso Costa foi novamente chamado ao poder. Nos começos de 1916, crescentes dificuldades com a obtenção de transportes marítimos levaram a Grã-Bretanha a solicitar de Portugal que requisitasse os navios mercantes alemães refugiados em portos portugueses. A resposta foi a declaração de guerra por parte da Alemanha (9 de Março). Democráticos e Evolucionistas assentaram na constituição de uma «União Sagrada», cedendo Afonso Costa a presidência do ministério a António José de Almeida, e retendo apenas a pasta das Finanças. Para efeitos práticos, os Democráticos continuaram a controlar a situação. Um ano mais tarde, os Evolucionistas deixaram o governo, reassumindo Afonso Costa a presidência. O governo organizou uma força expedicionária para combater em França, além das várias expedições enviadas a Angola e a Moçambique. Em Portugal, todavia, o esforço de guerra acarretou consequências internas desastrosas. A agitação social conturbou as grandes cidades obrigando a medidas severas de repressão. Em Dezembro de 1917, algumas unidades de Lisboa revoltaram-se sob a chefia do ex-ministro em Berlim, Sidónio Pais. Triunfante o movimento, Bernardino Machado recebeu a intimação de deixar o País, Afonso Costa foi preso e Sidónio País instaurou uma ditadura militar. Dissolveu o Congresso, introduziu um regime presidencialista à maneira americana e fez-se eleger Presidente da República por eleições directas. Os seus apoios recrutaram-se, sobretudo, nas Direitas, com forte participação monárquica. A «República Nova» de Sidónio não possuía um programa definido que a pudesse contrapor ao regime anterior. Sidónio País viu-se sem quadros à sua volta, que lhe permitissem levar a efeito as complexas tarefas da administração e da condução da guerra. Em Lisboa e algures, a agitação social prosseguia. Um clima de repressão alargou-se a todo o País. Muita gente exilou-se. Em Dezembro de 1918, Sidónio Pais caía assassinado e o País mergulhava numa das mais graves crises políticas da sua história moderna.
Apressadamente, o ministério revogou alterações à Constituição e fez eleger o seu decano, almirante Canto e Castro, Presidente da República pelas duas câmaras do Parlamento. Seguiu depois uma política dúbia, de compromisso, num esforço de evitar a guerra civil. Mas, em 19 de Janeiro de 1919, a Monarquia foi proclamada no Porto e em Lisboa. A rebelião não tardou a ser dominada no Sul. No Norte, porém, os Monárquicos conseguiram aguentar-se durante quase um mês, dominando boa parte do País. A Guerra Civil terminou com a entrada das forças republicanas no Porto (13 de Fevereiro). Em Março, tomava conta do poder um ministério onde não participavam já sidonistas. As eleições legislativas que se seguiram deram a vitória aos Democráticos. Para a Presidência da República foi eleito António José de Almeida. A fim de dar à Republica uma base defensiva segura, foram consideravelmente alargados os quadros e a capacidade militar da Guarda Nacional Republicana, que passou a dispor de artilharia. Como resultado, a Guarda Republicana transformou-se em força política de respeito durante dois anos, fazendo e desfazendo ministérios. Os anos de 1920 e de 1921, em Portugal como noutros Países da Europa, caracterizaram-se por situações instáveis e conturbadas. Corrupção, atentados políticos, bombismo social, crise de autoridade, inflação tornaram-se moeda corrente. Em 1920 sucederam-se sete ministérios. Em 1921, eclodiu em Lisboa uma revolução radical que forçou o governo à demissão. Na noite de desordem que se lhe seguiu (Noite Sangrenta, nome com que passou à historia), vários políticos republicanos foram selvaticamente assassinados. Ao que parece, os crimes não tiveram relação directa com o movimento nem foram determinados pelos chefes rebeldes. Motivos pessoais e de corporação teriam sido habilmente explorados por elementos das Direitas, ligados a poderosas forças económicas, à Igreja, aos monárquicos e até à Espanha, todos interessados em criar um clima geral de desordem e de violência que pudesse desacreditar de vez a Republica e justificar uma mudança de regime.

Em 28 de Maio de 1926, o general Gomes da Costa, um dos mais prestigiados heróis da guerra, revoltou-se em Braga e iniciou uma marcha sobre Lisboa. A maioria do Exército, depois de algumas hesitações, juntou-se-lhe ou manteve-se neutral. Em Lisboa, o governo pediu a demissão (30 de Maio) e o Presidente confiou a um dos chefes revolucionários, o comandante Mendes Cabeçadas, o encargo de formar ministério. No dia seguinte, o próprio Presidente renunciava ao seu mandato, entregando todos os poderes a Cabeçadas. Nos começos de Junho, o parlamento era dissolvido. A revolução triunfara.

Sem comentários: