05/12/2005

Luísa de Jesus, depois de ter morto 33 bebés, foi a ultima vitima feminina em Portugal da PENA DE MORTE

Chamava-se Luísa de Jesus, nome que mereceu destaque na História portuguesa. Não pela valentia dos actos, mas por ter sido a última mulher condenada à morte em Portugal. Depois dela outros morreram, todos homens, até que, em 1867, a pena foi abolida para os crimes civis. O País tornou-se assim a primeira nação europeia e uma das primeiras do mundo a extinguir esta forma de castigo. Luísa de Jesus nasceu na região de Coimbra em 1750. Pouco ou nada se sabe sobre o seu percurso até que, aos 22 anos, decide ir buscar um bebé que tinha sido abandonado na roda (uma espécie de máquina rudimentar à porta das instituições onde se colocavam os bebés indesejados). Recebeu em troca 600 réis e um enxoval, que as instituições entregavam às almas caridosas que aceitassem tomar conta dos pequenos desfavorecidos.Ao primeiro bebé seguiu-se outro. E mais outro. No total, 33, até ser descoberta pelas autoridades. Das crianças que tinha levado para casa com a promessa de bem cuidar, nem sinal. Acabou por confessar que as envenenava à chegada, o que a levou à forca.Para a História fica o nome e a recordação macabra. Mas já nessa altura o povo começava a insurgir-se contra o castigo. Quando, em 1846, foi morto em Lagos o último português, há muito que a população pedia o fim da pena de morte. A justificação para o desaparecimento desta pena tem origem no desenvolvimento que entre nós tiveram as concepções liberais herdadas da revolução de 1820 e da fortíssima componente da Maçonaria nacional, uma das mais esclarecidas da Europa e das primeiras a perceber que a pena de morte era atentatória da vida e da liberdade humana.À ‘iluminação’ das mentes ilustres junta-se ainda a índole dos portugueses enquanto povo. “Começou a sentir-se a pena de morte como algo demasiado pesado e drástico como penalização do criminoso. Desenvolve-se um espírito liberal e radical, com repugnação pelo espectáculo sanguíneo.”
FACTOS SOBRE A PENA DE MORTE EM PORTUGAL E NO MUNDO
VICTOR HUGO
O escritor Victor Hugo falou em 1876 sobre a abolição da pena de morte em Portugal. “Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. A Europa imitará Portugal.
SALÁRIO
A verba destinada ao carrasco estava reconhecida no Orçamento de Estado nacional. Por ano, cabia ao executor receber, pelos serviços prestados, 49 200 réis.

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