Mais de metade dos crimes cometidos em Portugal “são deixados de lado” e, no universo dos que são investigados, subsistem situações contraditórias de processos de pequenos delitos que avançam e de situações graves que se arrastam no tempo. O ministro da Justiça, Alberto Costa, traçou recentemente um retrato negro da criminalidade.“Há muito crime que não é investigado. Mais de metade dos casos são deixados de lado. Os mais graves devem ter tratamento prioritário”, disse Alberto Costa. Em 2004, segundo o Relatório de Segurança Interna, foram participados mais de 400 mil crimes.As novas regras da Política Criminal determinam que seja a Assembleia da República, sob proposta do Governo, a aprovar as resoluções bianuais que estabelecem orientações, prioridades e objectivos no combate aos crimes. Ou seja, tudo indica que em Setembro do próximo ano seja conhecida a primeira hierarquização de crimes.A resolução é válida por dois anos e, de acordo com o anteprojecto entregue ao ministro, o seu cumprimento será ‘avaliado’ no final desse período, com a audição no Parlamento do Governo e do procurador-geral da República. “Este documento procura assegurar maior eficiência e melhores resultados no combate ao crime”, disse Alberto Costa.Alberto Costa não fez qualquer referência directa a processos particulares. Mas, na semana em que foi libertado mais um membro do ‘Gang dos Ferreiras’ – suspeitos da morte de um inspector da PJ em 2001 e acusados ao fim de quatro anos – o ministro da Justiça lembrou que “há pequenos crimes investigados e punidos” e que a “escassez” de meios leva, por vezes, a que “crimes de homicídio não sejam objecto de acusação em tempo útil”.
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